3 visões sobre Relato Integrado no debate de tendências ESG

Em evento do IBGC, especialistas falaram como este framework pode ser agente transformador da cultura nas companhias

  • 03/09/2021
  • Gabriele Alves
  • Eventos

 “A questão ESG não pode ser uma questão de escolha”. Foi a partir desse ponto de vista que Vania Borghert, representante do IBGC no Conselho Internacional do Relato Integrado (IIRC), deu início a sua fala no evento “Relato integrado e as tendências para ESG: princípios X métricas e qual o papel do CA?”, promovido pelo IBGC no dia 24 de agosto. Vania que é também coordenadora da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI) e membro do comitê de auditoria do Banco Santander Brasil destacou que a sociedade tem o direito de pensar que as empresas, ao estarem explorando um negócio, estão pensando também em todo o processo de impacto a longo prazo, não só visando o lucro.

Neste âmbito de debate, o Relato Integrado surge como uma ferramenta muito importante para comunicar os diagnósticos corporativos, porque não se trata só de um framework para reporte de sustentabilidade, mas sugere que as empresas ajam com transparência, integrando informações financeiras com as não financeiras e olhando mais para o processo todo de sua atuação, do que apenas para o seu produto final. No evento, Vania ao lado das especialistas Doris Wilhelm, sócia diretora da Wilhelm Consultoria; Aline Campos, coordenadora de Relações com Investidores na Aegea Saneamento e Fernanda de Arruda Camargo, sócia co-fundadora da Wright Capital Gestão de Recursos, compartilharam algumas visões sobre o Relato Integrado, confira 3 delas selecionadas pelo Blog IBGC, a seguir:

Relato e não relatório

Para Vania, ao integrar informações financeiras com as não financeiras, o Relato Integrado evidencia coerência e isso possibilita construir  uma norma de auditoria que cheque as informações contábeis, no futuro, com a mesma veracidade das informações de sustentabilidade. “Isso é importante porque traz segurança para o mercado”, ressalta Borgerth que ainda apresentou aos espectadores que o Relato Integrado não é um novo relatório, é um um produto de aprimoramento do processo de diagnósticos da companhia. “Ele também não é algo que surge de governos para o mercado. Ele, na verdade, é um movimento de coalizão entre empresas, reguladores, investidores, normatizadores, ONGs e até mesmo geradores de conhecimento como é a academia”, completa.

Prioridade é o processo de reportar

Aline Campos, da Aegea Saneamento, por sua vez, contou que o Relato Integrado consolida todas as informações ESG e as informações financeiras, mas o que é necessário ter em mente é que ESG não está dissociado da estratégia dos negócios. “Não é algo novo que você vai plugar nos negócios, é algo que já existe. E dentro do RI o que você vai reportar é a maturidade dessas questões”. Neste sentido, observa-se que a divulgação dos critérios ESG passou a ser assunto recorrente no mundo corporativo, mas a revisão dos processos passa por uma mudança gradativa. “Não será da noite para o dia. Aqueles que tiverem a coragem de mudar vão se surpreender com o novo consumidor que vai pagar mais caro, porque você está financiando um mundo melhor. Rever todos os processos passa por isso e exige um pouco de coragem envolvida” completou Fernanda de Arruda Camargo, sócia co-fundadora da Wright Capital Gestão de Recursos.

Agente transformador da cultura organizacional

A transição para o Relato Integrado é um processo incremental que evoluirá com o tempo. Mas as organizações já podem colocar isso em prática por meio de planos plurianuais ou por meio de um plano robusto de gerenciamento de mudanças. Além disso, é importante haver forte apoio dos Conselhos de Administração para articular como o RI pode agregar valor a todos os stakeholders. No evento, de acordo com a conselheira Doris Wilhelm que também é membro da comissão de Mercados de Capitais e Comunicação do IBGC, a partir de alguns estudos de mercado, entre eles uma pesquisa da IBRI e Fecap que analisou 619 empresas, apenas 30 delas reportavam no formato de Relato Integrado. Isso representou 4,8% das organizações. “Chegamos à conclusão que o RI pode ser também um agente modificador da cultura organizacional para que possa criar e gerar mais valor e desenvolver a atividade de comunicação da empresa”, contou.

Para conferir o evento completo, acesse o canal do Youtube do IBGC, clicando aqui.




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