5 dicas sobre a atuação de acionistas de empresas familiares

Aprender a “língua dos conselhos de administração” é chave para as futuras gerações implantarem suas ideias inovadoras

  • 09/06/2021
  • Ana Paula Cardoso
  • Cursos

Nascer em uma família empresária é fazer parte de um grupo social unido não somente pela afetividade, mas por um propósito de perpetuar um negócio. “Trata-se de uma vida que já vem com parte dela escrita. É como se as futuras gerações empresariais nascessem com uma etiqueta, na qual está escrito: você já tem um legado a seguir”, comentou Flávia Camanho, coach, criadora do Jornada do Feminino e professora da Formação em Governança para Acionistas de Empresas Familiares do IBGC.

Flávia ressalta não estar fazendo nenhum juízo de valor: não é possível garantir que a vida em uma família empresária será melhor ou pior. No entanto, encarar a complexidade deste contexto ajuda a desenvolver com mais eficiência – e com mais prazer – o papel das novas gerações de famílias empresárias. “É responsabilidade da geração que está chegando não se esquecer que aquilo tudo foi construído em um certo tempo. Por mais que estejamos trazendo coisas novas, com a ansiedade de mudar tudo rápido, a questão comportamental e de diálogo entre as gerações é um aprendizado”, diz Fernando Simões conselheiro e membro da família controladora do grupo JSL. 

Hoje com 34 anos, aos 23 Simões fez um curso do IBGC antes de assumir o posto de conselheiro. Com a experiência de acompanhar de perto a trilha de governança corporativa em empresas familiares, Flávia e Simões deram dicas de como ingressar na jornada da governança para os jovens acionistas de empresas familiares pauta do blog.

Veja a seguir as 5 orientações dos especialistas ouvidos pelo IBGC:

1) Aprenda a falar a língua dos conselhos. Para as gerações futuras abrirem espaço para defenderem seus ideais dentro das organizações, é preciso entender a linguagem daquele ambiente empresarial.  E, como no aprendizado de qualquer língua, estar em contato com o idioma é a maneira de tornar-se fluente. “Por analogia,  o lugar onde essa língua é melhor falada é o IBGC, um grande guardião desse assunto no Brasil. Um think tank de referência”, mencionou Flavia Camanho.

2) Perguntar no momento certo. “Eu brinco que um bom papel de acionista é saber fazer perguntas”, disse Flávia. Para ela, crescidos em ambientes onde se discute negócios durante o almoço de domingo, muitos jovens acionistas julgam que tratar de determinados temas é um processo natural. Nem sempre. Fazer perguntas diretamente a um CEO, por exemplo, quando se é membro do conselho e da família controladora pode gerar constrangimento. Assim como perguntar se uma transação de aquisição já foi realizada – quando a CVM exige sigilo deste processo – só vai levar ao descrédito sobre o preparo daquele acionista no processo sucessório.

3) Legitimar a diversidade em conselho. “Nas empresas familiares, as mulheres já vêm ocupando por anos um papel de mediação de conflitos e perpetuação da cultura de valores familiares”, lembra Flavia Camanho.  Mas como esse trabalho costumava ser um pouco invisível, agora, para ocuparem seus lugares dentro das empresas, as futuras gerações de mulheres têm buscado cursos e certificações que confirmem o conhecimento adquirido em carreiras bem construídas dentro dos legados familiares. Não por acaso, o IBGC oferece o módulo Jornada do Feminino em seu curso de Formação em Governança para Acionistas de Empresas Familiares.

4) Fazer o tema de sustentabilidade acontecer. Unir o apreço das futuras gerações ao tema de sustentabilidade ao fato de tratar-se de uma estratégia mais eficaz quando aplicada no sentido top down. E para conduzir a agenda ESG dentro de uma empresa, o já citado “idioma da governança” pode ajudar. “Eu fui trabalhar com sustentabilidade fora do grupo da minha família, fiz curso de governança e, quando houve a necessidade de se criar o comitê de sustentabilidade na empresa de minha família, estava preparado e fui convidado para assumir”, contou Simões, do grupo JSL.

5) Trocar ideias sobre vivências. Participar de fóruns compostos por pessoas com vivências semelhantes é fundamental, defendem os especialistas. “Porque ser membro de uma família empresária é crítico. Você é julgado, você é visto de uma forma preconcebida. Fazem brincadeiras do tipo “não sabe o que é pagar um boleto”, comenta Flávia. Para ela, esse lugar de pré-julgamento costuma ser ocupado de uma forma constante por esses jovens acionistas. Por isso o apoio mútuo dessas futuras gerações nascidas em famílias empresárias é um ponto chave para o amadurecimento como acionistas, conselheiros e futuros sucessores.

Para saber mais sobre os aspectos de desenvolvimento pessoal e das responsabilidades junto ao negócio familiar, mencionados pelos entrevistados, saiba mais sobre a Trilha da Empresa Familiar do IBGC clicando neste link.

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