“Papel do Capítulo é dar atenção à comunidade de governança”

Monica Neves Cordeiro, coordenadora geral do Capítulo MG, conta um pouco sobre a atuação do IBGC na região

  • 01/04/2021
  • Ana Paula Cardoso
  • Bate-papo

Quando se pensa em definir as atividades econômicas do estado de Minas Gerais, a palavra diversidade logo vem à mente. “A gente em Minas produz do Danoninho ao helicóptero”, brinca Monica Neves Cordeiro, coordenadora geral do Capítulo Minas Gerais do IIBGC.

À frente do Capítulo desde 2019, Monica enxerga a atuação regional como um trabalho de união em prol de um objetivo comum: entender a jornada de governança corporativa de cada empresa. E com profundidade. “Minas é onde o tempero entranha.  A receita é dar atenção à comunidade de governança local”. Para a coordenadora geral do Capítulo, a atuação do IBGC pode fazer as boas práticas de governança darem sabor à rotina das empresas.

Engenheira, conselheira certificada pelo IBGC e atuante em conselhos de diversas organizações, Monica conversou com o Blog do IBGC para falar do trabalho em alinhar desenvolvimento de governança, respeitando a diversidade e as peculiaridade locais. Veja na entrevista completa como tem sido a difusão da governança com o tempero mineiro.


IBGC. Conte um pouco das peculiaridades de Minas Gerais em relação à governança. 

Monica Neves Cordeiro. Minas é um estado com uma diversidade marcante em termos de setores de atuação das empresas. Eu brinco que aqui a gente produz do Danoninho ao helicóptero. Tem uma parte agropecuária muito forte, tem a inovação tecnológica, mas também tem o setor de mineração. Então, é uma economia realmente muito variada. Quando pensamos em pautas para a jornada de governança pensamos em aprimorar uma que é muito básica: a do setor de mineração. É ótimo ter essas riquezas minerais, mas sabemos que o setor precisa se reinventar. Ao mesmo tempo vemos vários ecossistemas de inovação formando-se no estado com as startups. E aí a gente enxerga a agenda do conselho do futuro. Estamos fazendo a conexão com diversos ambientes, com olhos de construção de confiança. Nosso trabalho é alinhar a pauta do desenvolvimento do estado com o desenvolvimento de governança. Porque elas são muito ligadas. Você pratica governança para ter um ambiente de negócios melhor.

Como o Capítulo Minas Gerais tem atuado localmente para promover este ambiente de governança?

Temos buscado conexões entre os bons exemplos. Brinco que a gente criou uma hashtag Minas pratica a governança (#MinasPraticaGovernança), mas aí a gente fala no sentido de jogar luz e dar visibilidade a esses bons exemplos. Porque esses exemplos inspiram as demais empresas. E temos feito também o #MinasPraticaGovernança? colocando um ponto de interrogação no fim. A gente está buscando mais empresas para conversar, para  que elas descubram em qual etapa desta jornada elas estão. Para entender quais pontos elas estão interessadas em promover. Para quebrar aquele medo de que governança é só para empresa enorme ou empresa rica. Esse tem sido o trabalho do capítulo Minas Gerais: fazer parcerias e levar a mais empresas a mensagem da governança. Porque o papel do Capítulo IBGC é dar atenção à comunidade de governança.

Quais são pontos fortes e desafio da governança na região? 

Eu acho muito interessante um texto que está no prefácio do livro sobre o Clube da Esquina, que fala que Minas tem muita dúvida, e o fato de se permitir duvidar é muito bom porque em duvidando a gente vai atrás das coisas mais profundas. E aí a brincadeira é que em Minas o tempero entranha, o caldo engrossa e o sentimento se verticaliza. Então, a gente pode fazer uma analogia com a governança: a gente não pode tratar de forma rasa, esse tempero precisa entranhar. Esse caldo da governança precisa engrossar.  Nós fazemos eventos alinhados com os pilares da Agenda Positiva de Governança, como recentemente sobre diversidade em conselho. Ano passado tivemos encontros para falar de inovação. O Norte de conteúdos da Agenda Positiva de Governança é muito rico e trabalhamos essa rede de parcerias de um levar o modelo de governança às "várias Minas Gerais" que existem em termos de atividades econômicas. 

Afinal, o mineiro é desconfiado com a governança corporativa?

O desafio mesmo é fazer o mineiro abrir a porta. Depois que as empresas abrem a porta elas entendem que a riqueza já está ali, no processo delas, mesmo que seja ainda na caminhada. O mais importante é entranhar esse conceito. E nosso papel é oferecer suporte a quem ainda duvida, porque a maioria duvida por falta de conhecimento apenas.

O que está no radar Capítulo Minas Gerais?

A gente continua a promover eventos de discussão de temas, trazendo casos para dar visibilidade a bons exemplos. Ano passado criamos grupos de discussão sobre inovação. Deu muito certo e agora vamos criar grupos de discussão parecidos para falar de governança familiar e governança para startups. O IBGC tem publicações incríveis sobre esses temas, então é só colocar na mesa e conversar. E a gente percebeu como é importante a troca de informação, o ato de estudar o assunto juntos.  Eu acredito nesse alinhamento de conexões em prol de um propósito. É um trabalho de formiguinha e de profundidade. Até o caldo da governança chegar na consistência almejada.