“IBGC é via para sensibilizar boards sobre mudanças climáticas”

Em entrevista, João Redondo, coordenador do Chapter Zero Brazil, diz que tratar questões ambientais é blindar riscos

  • 19/03/2021
  • Ana Paula Cardoso
  • Bate-papo

No dia 22 de março, às 18:30, um evento on-line vai marcar a consolidação do IBGC como braço do Chapter Zero no Brasil, que no país vai se chamar Chapter Zero Brazil - The IBGC Climate Forum. “Estou confiante que o IBGC é uma via eficaz para sensibilizar os conselhos de administração sobre o impacto das mudanças climáticas em seus negócios”, disse João Redondo coordenador do Chapter Zero Brazil e membro da Comissão de Estudos para a Sustentabilidade Empresarial do IBGC.

Em entrevista ao Blog do IBGC, Redondo contou que o Chapter Zero Brazil é uma rede global, em colaboração com o Fórum Econômico Mundial, cujo objetivo é mobilizar conselheiros de empresas para discutir o papel das organizações e seus líderes em relação às mudanças climáticas. Para ele, a relação do IBGC com o Chapter Zero é uma parceria-chave para transformar em decisão estratégica a agenda ambiental.

“Fico muito feliz que o IBGC tenha aceitado o convite de ser o braço desta iniciativa no Brasil”, acrescentou Redondo, para quem o instituto é o órgão brasileiro com representatividade e legitimidade adequadas para discutir o tema no coração das organizações: os conselhos de administração.  Ele vislumbra um caminho a ser trilhado, até o dia no qual mudanças climáticas serão tratadas como um risco - e com a mesma naturalidade que hoje se trata os riscos financeiros. Confira a seguir o bate-papo na íntegra.  

IBGC: Qual é a importância da parceria do IBGC com o Chapter Zero?
João Redondo: O instituto tem como prerrogativa difundir as boas práticas de governança corporativa. Então, quando o IBGC entra na discussão do tema ambiental, significa que a gente vai ter uma via de acesso representativa e eficaz aos conselhos de administração, para criar conscientização e difundir conhecimento sobre impactos de mudanças climáticas. 

E por que esse tema precisa ser discutido nos conselhos?
Porque o conselho é o coração das empresas, onde são tomadas as das decisões estratégicas das organizações. Eu fico muito feliz com o fato de o IBGC ser o braço do Chapter Zero no Brasil, porque é a via mais adequada para sensibilizar quem tem influência nas empresas. Acredito que com a entrada do IBGC os conselhos vão passar a enxergar a discussão como enxergam hoje os comitês de risco: com a devida atenção, a fim de se precaverem dos impactos financeiros que negligenciar o assunto poderá trazer.

As empresas costumam falar que é difícil mensurar indicadores concretos para mostrar esse engajamento com as questões ambientais. O que pensa a respeito? 
Já existem estudos mostrando que empresas com metas climáticas tem capacidade de multiplicar de 2 a 5 vezes seu valor de mercado. Reforço que o desconhecimento é o maior motivo pelo qual alguns dirigentes de empresas ainda mantêm esse discurso. Têm fundos de investimento deixando de fazer aporte em empresas porque elas não deram resposta a essa demanda climática, que já é uma demanda do mercado.  Muitos fundos já deixaram isso muito claro. Então, a gente percebe que tratar a questão ambiental é blindar perdas e riscos.  

Você acredita que as empresas, então, ainda não tenham consciência do impacto da questão climática em seus negócios?
Hoje já avançou muito, quando tomamos como parâmetro 10 anos atrás. Então, não posso avaliar ou generalizar que as empresas não tenham consciência. Minha experiencia mostra que as empresas se interessam pelo tema, sabem que é preciso discuti-lo, mas ainda o desconhecem a fundo. O que gente pretende com esses fóruns é justamente fazer um trabalho cooperativo. Um trabalho de auxiliar os conselheiros a botarem na mesa esses assuntos, até que eles sejam tratados normalmente, naturalmente. Como hoje se trata os riscos financeiros. O que almejamos é ajudar as empresas a contribuem para alcançar metas desafiadoras. Como, por exemplo, zerar as emissões de carbono. E isso é possível.