6 pontos sobre governança e gestão de pessoas para se atentar

Governança, inovação e gestão de pessoas: uma aliança estratégica para os novos tempos

  • 10/06/2025
  • Clarice Martins Costa
  • Artigo

Pode parecer paradoxal associar governança com inovação, transformação digital e aceleração dos negócios. Apesar dos debates crescentes em torno do tema, muitas lideranças ainda veem as boas práticas de governança como um sinônimo exclusivo de compliance ou transparência em questões econômicas, financeiras e fiscais. Contudo, a governança vai muito além: ela considera a organização em sua totalidade, inserida em um sistema amplo em que cada ação impacta o todo e vice-versa.

As profundas transformações pelas quais o mundo passa atualmente – tecnológicas, econômicas, climáticas e sociais, entre outras – exigem que empresas atuem de forma estratégica e planejada. Nesse contexto, a governança é uma grande aliada para garantir que as mudanças sejam bem conduzidas e tragam benefícios reais para todos os stakeholders.

Recentemente participei do South Summit Brazil, um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, realizado em abril de 2025 em Porto Alegre (RS), no emblemático Cais Mauá, recuperado após as enchentes de 2024. Entre inúmeras reflexões sobre inteligência artificial e tecnologias emergentes, um tema se sobressaiu: a importância de as empresas terem consciência do impacto amplo de suas decisões, para que seus resultados sejam sustentáveis e positivos para todos.

Os resultados empresariais, por sua vez, dependem diretamente, entre outros fatores, do engajamento de gestores e colaboradores. A partir da minha experiência como conselheira de administração e dirigente em recursos humanos, identifico pontos cruciais onde governança e gestão de pessoas se encontram, fortalecendo as organizações diante das transformações:

1. Propósito claro como guia estratégico e cultural
É fundamental entender por que fazemos o que fazemos e qual caminho escolhemos seguir. Um propósito claro mobiliza equipes, alinha expectativas e fortalece a cultura organizacional, sendo um direcionador estratégico imprescindível.

2. Cultura empresarial dinâmica e alinhada aos objetivos do negócio
Diferentemente do que muitos acreditam, a cultura não é algo fixo ou estático, mas sim uma entidade viva. Precisamos questionar regularmente se nossa cultura atual ainda dá suporte aos objetivos e ao crescimento futuro do negócio.

3. Transparência na comunicação de mudanças organizacionais
Clareza gera confiança. Em períodos de redefinição de modelos de trabalho, funções e expectativas, uma comunicação aberta e honesta com todos os stakeholders, especialmente os colaboradores, é essencial, mesmo que nem todas as respostas estejam prontas.

4. Lideranças preparadas para o futuro
Além das competências técnicas, precisamos investir na capacitação das lideranças para que sejam capazes de promover ambientes seguros e inovadores, onde a experimentação e o aprendizado contínuo sejam incentivados.

5. Colaboradores qualificados e valorizados
Apostar na qualificação constante dos times, estimular o aprendizado contínuo e promover ações de mobilidade interna e realocação são estratégias inteligentes para maximizar o potencial dos colaboradores e garantir a sustentabilidade dos empregos.

6. Gestão da mudança como prioridade permanente
Mudanças geram desconforto natural, mas não precisam ser traumáticas. Uma abordagem consciente e estruturada permite que empresas se adaptem mais rapidamente e de forma sustentável às constantes transformações.

Quando priorizamos a governança, qualificamos nossas decisões e compreendemos melhor como todos – administradores, colaboradores, investidores, fornecedores, clientes, entes públicos e sociedade – podem se beneficiar de nossas escolhas empresariais. Governança, inovação e gestão de pessoas, portanto, não são apenas conceitos interligados: são o caminho para organizações mais resilientes, responsáveis e preparadas para o futuro.

*Clarice Martins Costa é conselheira independente, associada ao IBGC e integrante da coordenação do Capítulo Rio Grande do Sul. Possui trajetória reconhecida na área de Gestão de Pessoas, com mais de 40 anos de atuação em Recursos Humanos — 29 deles na Lojas Renner S. A., onde liderou projetos estratégicos de transformação cultural, sucessão, sustentabilidade e transformação digital. Atualmente, integra os conselhos do Grupo Panvel, CIEE-RS, Madesa e Imdepa, além dos comitês de pessoas da Copersucar e da Unimed Porto Alegre. É autora do livro Gestão de Pessoas na Estratégia Empresarial (Qualitymark, 2022) e tem contribuído ativamente para a evolução da agenda do RH Estratégico nos conselhos em que atua.

Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.

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