No caminho da inovação, tecnologia não é a primeira parada

Em evento do IBGC, especialistas relatam transformação cultural e adaptabilidade como geradores de valor

  • 23/07/2021
  • Gabriele Alves
  • Eventos

“A execução paga o nosso salário, mas é a inovação que pagará nossa aposentadoria” iniciou Isabella Wanderley, conselheira C-Level em Varejo, Estratégia e Inovação, ao reproduzir a frase de autoria de Steve Blank, durante o evento “Inovação: o caminho para transformação, promovido pelo IBGC na última quinta-feira, 22 de julho.

Ao lado de Isabella participaram Marcelo Ribeiro Pimentel, presidente da rede de lojas Marisa, e Bruno Pina, chefe de inovação da plataforma Distrito, que é voltada para acelerar ações inovativas em grandes empresas e startups. Juntos os especialistas debateram sobre a inovação como fator de transformação e sustentabilidade nas organizações.

“Inovação não é só o que a gente vai mostrar na ponta para o cliente final”

Para Pimentel, é comum que haja uma relação imediata entre a tecnologia e a inovação, mas antes de mais nada, uma empresa que busca ser cada vez mais inovadora deve passar, primeiro, por uma transformação cultural. “A gente tende a correlacionar inovação diretamente à tecnologia e esquece que antes de mais nada, a inovação começa com uma mudança na visão dos conselhos e dos executivos e com a coragem de iniciar uma transformação. E a transformação não acontece sem essa determinação de desconstrução cultural”, comentou.

A partir da experiência na rede de lojas Marisa, que atua há 70 anos no mercado brasileiro, Pimentel destacou ainda que esta etapa de transformação cultural é importante para poupar tempo e ter uma estratégia com mais qualidade, além de entender a disrupção como algo que agrega valor ao negócio. Já o segundo ponto importante, na visão dele, é estar preparado para quebrar paradigmas, ouvir o novo e desenvolver novas formas de interação. “Inovação não é só o que a gente vai mostrar na ponta para o cliente final. Todos os setores na empresa bebem desta fonte de inovação. A visão de inovação precisa ser uma visão da organização como um todo”, ponderou.

Associado a esses dois momentos, o de transformação cultural e o de quebra de paradigmas, Pimentel descreveu como a tecnologia tem apoiado as transformações que as Lojas Marisa vêm desenvolvendo. Em 2020, com a pandemia, a empresa fez o lançamento de seu aplicativo e celebrou, recentemente, um ano do lançamento, com mais de 66% das vendas da empresa feitas por lá, além de somarem cerca de 8 milhões de downloads da ferramenta, cujo público é majoritariamente de mulheres. “Esse app se torna uma plataforma de comunicação, pois por meio de geolocalização, por exemplo, eu sei onde essa mulher está e, portanto, eu consigo conversar com ela de forma individualizada e posso levá-la para a loja mais próxima. Temos o Sacola de Vantagens, onde a gente traz essa migração do digital para o ambiente físico. Começamos a conversar com a cliente na loja física e se ela quiser terminar a experiência de check out no próprio app, sem precisar entrar em uma fila, é possível”, descreveu.

“Não dá para ser enrijecido no seu modelo de negócios”

Bruno Pina, chefe de Inovação da plataforma Distrito, uma plataforma de inovação aberta, por sua vez, explicou que na inovação aberta o ecossistema é o mundo. “Então, é necessário uma mudança muito grande no mercado para sair de certas rotinas e ter humildade para escutar pessoas que têm empresas a menos tempo, mas que também estão certas em muitos pontos. Não é mais ‘eu contrato e você me dá’, é uma troca. Ter essa mentalidade é crucial”, completou Pina.

Durante o debate, ele ainda ponderou que a Distrito dispõe de uma plataforma que apoia as empresas em sua transformação digital e nela há desde um espaço de mentorias para que os executivos sejam mentorados por startups, passando por uma área que tem todos os dados com tendências de mercado, até uma área corporativa em que é possível fazer lançamento de desafios e intraempreendedorismo.

“Essa é uma plataforma que evolui constantemente. A ideia é que ela seja um self-service para qualquer empresa que queira fazer sua transformação digital a partir dali. Ela é toda baseada em dados”, contou. Pina ainda reforçou que é importante desenvolver um trabalho de acompanhamento dos executivos das empresas ao trabalhar com inovação aberta. “Muitas empresas querem inovar porque entendem que é legal, mas quando perguntamos ‘qual a estratégia de inovação e aonde ela quer chegar?’, a pessoa não sabe responder isso”. Por isso que a gente instrui e informa e faz ela aprender com isso”.

Questionado sobre dicas a oferecer para o público, Bruno reforçou que as empresas precisam entender porque querem inovar e ainda ofereceu um conselho. “Não tente inovar, só porque é legal inovar. Entenda porque a inovação dentro da sua organização muda o seu game, prepara você melhor para o mercado, te deixa mais apto para as adaptações e as mudanças. No final do dia, a inovação é mais uma tentativa do universo em fazer as organizações entenderem que a adaptabilidade tem que ser constante. Não dá pra ser enrijecido no seu modelo de negócios” finalizou.

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