Como a família empresária estrutura sua governança?

Conheça alguns ciclos da empresa familiar e como ela pode ser sensibilizada para decidir pela trilha da governança

  • 22/08/2022
  • Zélia Breithaupt Janssen, Júlio Sergio De Lima, Patrice Gaidzinski e Carl Heinz Müller
  • Artigo

No primeiro encontro do fórum temático de Empresas Familiares 2022, organizado pelo Capítulo Santa Catarina do IBGC, discutiu-se sobre “Sensibilizar para a Governança: Por que a família empresária decide pela trilha da governança?”. No segundo encontro do fórum, realizado no último dia 14 de julho, Antonio e Marcos Koch, executivos familiares do Grupo Koch, deram sequência ao debate, respondendo à questão “Estruturar a governança: como a família empresária estrutura sua governança?”.

Antonio Koch, diretor de RH do Grupo Koch, iniciou explicando que as empresas familiares passam por ciclos naturais: i. podem virar estatística diante da dificuldade de perpetuação; ii. podem decidir irem ao mercado e ser vendidas; ou iii. podem estar dispostas a passar pelo processo de sucessão, o que foi o caso do Grupo Koch.

Porém, o processo sucessório encontra inúmeros desafios, entre eles: ser um pilar secundário ao planejamento estratégico da companhia, procrastinar a formação dos possíveis sucessores, lidar com a perda de poder do fundador, diferenças culturais e de valores entre as gerações, imagem do sucessor relacionada ao negócio, sucessão por obediência frustrando sonhos, atritos familiares motivados por falta de regras e acordos, omissão da governança quando a possibilidade de herdar mais passivos do que ativos pode desmotivar que jovens membros da família queiram assumir o negócio.

Para evitar esses percalços, o Grupo Koch possui uma estrutura de governança corporativa e familiar, que foi apresentada pelo diretor de operações da bandeira dos supermercados, Marcos Koch. No seu depoimento, Marcos disse que começou a trabalhar cedo, quando a empresa era menor, e que por isso acompanhou e fez parte da etapa de estruturação da governança, sendo o primeiro presidente do conselho de família. Ele explicou que cada acionista possui uma holding, interligada à holding detentora da empresa. O conselho de acionistas é considerado a parte mais importante da empresa, porque são os cinco acionistas que dão todos os direcionamentos aos demais fóruns de governança. Este conselho também responde pelo Acordo de Acionistas, Auditorias Independentes (realizadas há dez anos) e decide pela implantação dos Comitês Temporários para atender a necessidades específicas.

Especificamente quanto ao Acordo de Acionistas, Antonio, por sua vez, disse que a família adotou alguns critérios que fazem parte do seu conteúdo como: eleição do CEO e dos conselheiros, remuneração dos acionistas e do CEO, distribuição de lucro anual, ingresso de familiares no negócio, regime de casamento dos filhos, remuneração da família de acionista desistente ou faltante; utilização de bens móveis, imóveis ou sinistros, e incentivo à formação e participação em eventos nacionais e internacionais.

Na dimensão da gestão do negócio, Marcos explicou que a governança do Grupo Koch foi estruturada com um conselho de administração a partir de 2018, sendo que, anteriormente, havia um conselho consultivo. Há também um CEO e uma diretoria-executiva com papéis claros. A interface entre os executivos e os acionistas se faz via planejamento estratégico, que direciona a gestão, e que deve ser respondida pelos executivos via gestão por indicadores.

Já na dimensão da família, Marcos demonstrou que o conselho de família existe desde 2016 e tem como principais objetivos: integração familiar, preparação de sucessores, manutenção da cultura e valores e formação da família. Essa estrutura transparente garante à família Koch, que todos estejam alinhados no mesmo propósito. Segundo Marcos, “Tudo nasceu do Conselho de Família”.

Antonio e Marcos acreditam que o maior patrimônio do Grupo Koch é a união da família. Se a família vai bem, o negócio vai bem. Brigas são desmotivantes e fazem perder o foco no negócio. Diversos empresários confessam a Antonio que seus problemas maiores são os conflitos da família. Esse, por sua vez, aconselha que: “A família precisa se organizar para não desorganizar o negócio, e definir os acordos e as regras preferencialmente em momento de paz na família empresária”.

Como se percebe, no Grupo Koch as três dimensões da empresa familiar (família, gestão e propriedade) são bem trabalhadas. Neste segundo encontro do fórum de empresas familiares do IBGC Capítulo Santa Catarina, o qual buscamos trabalhar a estruturação da governança, salta aos olhos o papel estratégico que incute na perpetuação dos negócios. Essa afirmação, acreditada e vivida por Antonio e Marcos Koch, nos deixa ansiosos com a sequência do terceiro e último encontro do fórum em setembro de 2022, onde aprofundaremos o debate sobre a manutenção da governança. Até lá!


Autores: Zélia Breithaupt Janssen, Júlio Sergio De Lima, Patrice Gaidzinski e Carl Heinz Müller.

Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.

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