COP26 Download: “o Brasil é muito mais solução do que um problema”

Em evento, especialistas que estiveram em Glasgow falam das principais decisões da conferência em um contexto que saiu de crise para emergência climática

  • 26/11/2021
  • Gabriele Alves
  • Eventos

A programação prevista para a COP26, em 2021, foi finalizada, mas deixou ao mundo questões inadiáveis: o que os conselhos de administração e demais líderes empresariais devem fazer daqui para frente? O que deve ser melhorado ou mantido na estratégia de seus negócios? O IBGC, como think thank da governança corporativa e atento às decisões da cúpula do clima e seus impactos no ecossistema de negócios brasileiro, promoveu no último dia 22/11 o evento “COP26 Download”, a fim de debater os principais pontos discutidos na conferência com especialistas no assunto que, inclusive, marcaram presença na COP.

O evento foi dividido em dois painéis. O primeiro com participação de Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. E, o segundo, com participação de Walter Schalka, presidente da Suzano e José Pugas, sócio e head de ESG e agronegócio na JGP Crédito. A moderação ficou a cargo de Tarcila Ursini, conselheira independente de grandes empresas e Chief Purpose Partner da EB Capital.

Acordos assinados pelo Brasil

Marina Grossi deu início ao primeiro painel pontuando que essa foi uma COP muito emblemática devido à grande participação do setor privado e da sociedade civil que, juntos, têm pressionado os líderes por soluções visíveis e rápidas. “Assim como foi durante o Acordo de Paris, em 2015, vimos em Glasgow um movimento voluntarista. E o Brasil mostrou essa ambição”, contou.

A especialista se referiu a dois movimentos que contaram com o comprometimento brasileiro. O chamado “Forest Deal” (Acordo de Florestas) que prevê zerar o desmatamento ilegal até 2030 - assinado por mais de cem países e que estima US$19,2 bilhões em recursos públicos e privados para iniciativas que preservem as florestas, combata incêndios e atue no reflorestamento e na proteção de comunidades locais. E, o acordo para reduzir emissões do gás metano, gás responsável por 30% do aquecimento do planeta. “O Brasil tem energia três vezes mais limpa do que o resto do mundo e isso faz dele muito mais uma solução do que um problema”, diz Grossi.

No painel, os especialistas também destacaram o quanto a COP26 trouxe as pessoas para  o centro da decisão e isso fez com que o S da sigla ESG ficasse ainda mais evidente. “O que a gente viu nesta COP foi um olhar mais amplo por meio da participação das pessoas nesta discussão. Ao longo das COPs, sempre vimos os países desenvolvidos e industrializados falando em mitigação, mas eles não queriam discutir muito a parte de adaptação, porque quem mais sofre com isso são os países em desenvolvimento, principalmente as populações mais vulneráveis”, complementa Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU ao mencionar a relevância da diversidade à conferência.

O papel das empresas

Tarcila Ursini, conselheira independente de grandes empresas e Chief Purpose Partner da EB Capital, por sua vez, fez um resumo do primeiro painel comentando grandes pontos chaves: a necessidade de todos os setores da sociedade perseguirem a meta de não ultrapassar 1,5ºC da temperatura do planeta; a redução gradativa no uso de combustível fóssil, a adesão aos acordos de preservação de florestas e redução de emissão do metano, bem como a necessária parceria entre países desenvolvidos e em desenvolvidos para financiamento de políticas de preservação.

Questionado sobre as oportunidades para o setor empresarial brasileiro Walter Schalka, presidente da Suzano, falou sobre a urgência na redução de emissões de carbono. “Temos que tomar ações imediatas nessa redução. Embora possa parecer um risco, para os brasileiros é uma oportunidade de criação de valor”, afirmou.

Sobre os investimentos para uma economia de baixa emissão de carbono, José Pugas, sócio e head de ESG e agronegócio na JGP Crédito discorreu sobre a necessidade de um pacote de estímulo para sair desta emergência climática, dado que o tempo é muito curto. Aos conselhos, ele ainda deixou uma mensagem: “Nós investidores estaremos cada vez mais presentes, cada vez mais frequentes em nossas indagações e cada vez mais profundos nessas inquietações”, disse.

O Chapter Zero Brazil representado pelo IBGC apoiou o evento que pode ser conferido na íntegra aqui. Enquanto capítulo da Climate Governance Initiative, o Chapter Zero Brazil tem o compromisso de promover conteúdos e eventos para informar, trocar ideias e compartilhar experiências sobre ações que minimizem as mudanças climáticas, em prol do planeta. O objetivo é sensibilizar e capacitar as lideranças empresariais para realizarem efetivas mudanças.




Confira as últimas notícias do Blog IBGC