““Certificação do IBGC pode abrir portas à diversidade em CoAud”

Shaila Silva, CEO da Consultoria SHC, fala de sua experiência em comitês de auditoria 

  • 22/01/2021
  • Ana Paula Cardoso
  • Bate-papo

O Comitê de Auditoria é um órgão relevante de assessoramento ao conselho de administração, que orienta e monitora o processo de elaboração das demonstrações financeiras e outras atividades de controle das organizações. A definição é praticamente unânime no mundo corporativo.

Porém, na prática, qual é o papel deste comitê na tomada de decisão? E, indo um pouco além, como o CoAud, como é carinhosamente chamado no jargão empresarial, funciona nas estratégias mais ligadas aos temas ambiental, social e de governança corporativa (ASG)?

Para Shaila Silva, CEO da Consultoria SHC Auditoria Consultoria e membro de comitê de auditoria, uma das maneiras de promover maior diversidade nos comitês de auditoria são os cursos e certificação do IBGC.  “Sempre será necessária a presença de contadores, de auditores, mas membros de outras áreas ajudam a dar uma outra visão. Neste ponto a certificação do IBGC pode ajudar bastante”, disse.

Com17 anos de experiência em auditoria e consultoria contábil, a carioca Shaila contou ao Blog do IBGC sobre sua experiência profissional como membro de comitê de auditoria e falou também sobre as dificuldades enfrentadas na conquista de espaço nos ambientes de conselho de administração. Veja a seguir a entrevista na íntegra. 

IBGC: Na prática, qual é o papel deste comitê na tomada de decisão? 
Shaila Silva: Somos um dos braços do conselho porque as competências dos conselhos de administração são extensas. Então; na prática, vamos dar uma sustentabilidade, baseada no monitoramento da qualidade das demonstrações financeiras e do sistema de controles internos que abrangem as áreas de auditoria interna, compliance e gestão de riscos. Então, este comitê exercerá sempre um papel imprescindível quando falamos de governança corporativa. Porque tratamos de informações que ajudam o conselho a definir qual caminho da empresa.

A gente ouve atualmente falar de diversidade em conselhos. Há espaço para diversidade em comitês de auditoria?
A participação de profissionais de outras áreas pode ajudar a trazer uma visão mais holística. Então, é importante que haja uma mescla, ou seja: estamos falando da importância da diversidade. A diversidade em comitês de auditoria é muito bem-vinda, não somente no aspecto de gênero, etnia, mas no de formação. Um administrador, por exemplo, traz uma visão global de gestão que é sempre importante. Um advogado também contribui bastante como membro de comitê de auditoria. 

Qual seria o caminho para profissionais de áreas não financeira ou jurídica entrem nos comitês de auditoria?
Eu aconselharia a estes profissionais a fazerem os cursos disponibilizados pelo IBGC. Agora então com a certificação, as empresas vão começar a demandar bastante. Isso porque o mercado reconhece essa chancela e a entende como garantia de que o profissional não chegará na empresa completamente "cru"


Você é mulher, negra e membro de comitê que tem hoje o perfil do que se considera bem-sucedida profissionalmente. Pode nos contar como foi sua trajetória?
Olha, dos obstáculos a gente já fala muito. Acredito que nem todo mundo consiga entender o que é ser mulher e negra e o que temos de enfrentamentos. Em toda minha vida sempre precisei, estudar e me provar mais. Porém gostaria de ressaltar um pouco a parte positiva, que acontece na maior parte das histórias de quem conseguiu seu espaço tendo perfil fora do padrão. Estou falando dos incentivadores, que encontrei no meu percurso profissional, pessoas que acreditaram em mim e apostaram na minha capacidade. Uma das formas de iniciar o processo de diversidade nas empresas, é trabalhando e escutando estas pessoas, estes incentivadores que apoiam a causa. São eles que darão o pontapé inicial, por onde a diversidade vai, não somente entrar, mas se instalar nas empresas até que se transforme em algo tão natural que não se necessite falar mais nisto. Porém enquanto o cenário não muda, só tenho a dizer: sejamos resistentes!

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