Global Risks Report 2022: os perigos que exigem cooperação

Eventos climáticos extremos, doenças infecciosas e crise dos recursos naturais são algumas entre as dez principais ameaças ao planeta

  • 27/01/2022
  • Gabriele Alves
  • Pelo Mundo

As consequências econômicas da pandemia e a recuperação das economias de maneira apartada e divergente continuam a ameaçar a cooperação para abordar e combater os principais riscos globais. É o que diz o Global Risks Report 2022  publicado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial, e que alerta sociedade civil, governos e empresas que o aumento das disparidades dentro e entre os países não apenas tornará mais difícil controlar a Covid-19 e suas variantes, mas também representa o risco de paralisar as ações conjuntas contra as dez principais ameaças compartilhadas que o mundo não pode ignorar. São elas:

1. Falhas no enfrentamento das mudanças climáticas
2. Eventos climáticos extremos
3. Perda de biodiversidade
4. Erosão da coesão social;
5. Crise dos meios de subsistência
6. Doenças infecciosas
7. Danos ambientais humanos
8. Crise de recursos naturais
9. Crise de dívidas
10. Confrontos espaciais (geoeconômicos)

Metade dos riscos está relacionada ao clima e meio-ambiente e indicam uma desordem na transição climática. A crescente dependência de sistemas digitais – que se intensificou nos últimos dois anos – aumentou também os riscos representados por ameaças digitais ou de segurança cibernética. Lado a lado também está a comercialização do espaço, com um risco crescente de colisões entre satélites e lixo espacial, que configuram uma ameaça em “efeito cascata” a diferentes serviços críticos na Terra.

A fim de dar ainda mais visibilidade a urgência dos riscos, o Blog IBGC separou a síntese de alguns dados expostos no relatório fruto da Pesquisa de Percepção de Riscos Globais (GRPS), que sustenta o relatório desde 2006 e que foi atualizada este ano para reunir insights novos e mais amplos de quase 1.000 especialistas e líderes globais que responderam. Veja a seguir:

• Retrospectiva de Covid-19: os entrevistados observaram que os riscos sociais e ambientais pioraram mais desde o início da pandemia. Isso levou os riscos de “erosão da coesão social” e “crises de subsistência” a ocuparam os primeiros lugares. “Crises de dívida”, “falhas de segurança cibernética”, “desigualdade digital” e “reação contra a ciência” foram outros riscos apontados por eles que pioraram significativamente

• Panorama e modo de sentir: apenas 11% dos entrevistados achavam que o mundo seria caracterizado por uma recuperação global acelerada até 2024, enquanto 89% perceberam que as perspectivas de curto prazo seriam voláteis, fraturadas ou cada vez mais catastróficas. Segundo a pesquisa,  84% dos entrevistados expressaram sentimentos negativos sobre o futuro, ou seja, eles estavam preocupados. O pessimismo generalizado pode criar um ciclo de desilusão que torna as ações ainda mais desafiadoras.

• Horizontes: “Erosão da coesão social”, “crises de subsistência” e “deterioração da saúde mental” são três dos cinco riscos vistos como as ameaças mais preocupantes para o mundo nos próximos dois anos. Tal perspectiva agrava os desafios da formulação de políticas nacionais, limitando o capital político, o foco dos líderes e o apoio público necessário para fortalecer a cooperação internacional nos desafios globais. A saúde do planeta, no entanto, continua sendo uma preocupação constante.

Os riscos ambientais – em particular, “clima extremo” e “falha na ação climática” – aparecem como os principais riscos nas perspectivas de curto, médio e longo prazo. No médio prazo, riscos econômicos como “crises da dívida” e “estouro da bolha de ativos” também surgem à medida que os governos lutam para equilibrar as prioridades fiscais. No horizonte de longo prazo, os riscos geopolíticos e tecnológicos também são preocupantes – incluindo “confrontos geoeconômicos”, “contestação de recursos geopolíticos” e “falha de segurança cibernética”.

• Gravidade: os entrevistados sinalizam novamente que os riscos ambientais têm o potencial de causar mais danos às pessoas e ao planeta, seguidos pelos desafios sociais. As “crises da dívida” e os “confrontos geoeconômicos” também estão entre os dez principais riscos por gravidade nos próximos dez anos.

• Mitigação internacional de riscos: as opiniões dos entrevistados sobre 15 áreas de governança diferentes sinalizam uma grande decepção com a eficácia dos esforços internacionais de mitigação de riscos. “Facilitação do comércio”, “crime internacional” e “armas de destruição em massa” foram classificadas como as áreas com esforços mais eficazes, mas apenas por 12,5% dos entrevistados no melhor caso. Por outro lado, “inteligência artificial”, “exploração espacial”, “ataques cibernéticos transfronteiriços e desinformação” e “migração e refugiados” foram vistos pela maioria dos entrevistados como as áreas onde a mitigação internacional não começou.

Em algumas sociedades, o rápido progresso das vacinas, os saltos digitais e o retorno ao crescimento pré-pandêmico anunciam melhores perspectivas para 2022 e para os próximos anos. Outras podem ficar sobrecarregadas por anos, senão décadas, para aplicar até mesmo as doses iniciais de vacina, combater as brechas digitais e encontrar novas fontes de crescimento econômico.

O relatório mostrou ainda que o desafio mais sério da pandemia é a estagnação econômica. As perspectivas macroeconômicas permanecem fracas, com a economia global prevista para ser 2,3% menor até 2024 do que seria sem a pandemia. Os preços das commodities, a inflação e a dívida estão subindo tanto no mundo desenvolvido quanto no mundo em desenvolvimento.

A pandemia e suas consequências econômicas continuam a sufocar a capacidade dos países de controlar o vírus e facilitar uma recuperação sustentável. Todos os anos a série Global Risks Report acompanha as percepções de riscos globais entre especialistas no assunto e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil.

O relatório examina os riscos em cinco categorias: econômica, ambiental, geopolítica, social e tecnológica. Também explora, de maneira mais aprofundada, os principais riscos que aparecem com destaque na pesquisa. Tratam-se sobretudo de riscos que ou já dão sinais de alerta ou apresentam possíveis pontos cegos nas análises.

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