“A governança corporativa é essencial para futuros disruptivos”

Convidado para masterclass no IBGC sobre disrupção e impacto, futurista Roger Spitz reflete sobre o papel dos agentes de governança

  • 12/08/2024
  • Victor Santos
  • Bate-papo

“A governança corporativa é essencial para navegar nas águas turbulentas dos futuros disruptivos”. São palavras de Roger Spitz, futurista, autoridade mundial em estratégia prospectiva e inovações de sistemas, investidor em capital de risco e consultor especializado do Fórum Econômico Mundial.

O especialista, que fez carreira assessorando conselhos administrativos, equipes de liderança e investidores em estratégias relacionadas a disrupções, estará presente na sede do IBGC em São Paulo (SP) para uma masterclass exclusiva para os membros da Lifelong Learner – plataforma de educação continuada do instituto, que oferece uma curadoria robusta dos conteúdos de relevância para agentes de governança, e é voltada para a comunidade alumni dos cursos IBGC e profissionais certificados.

Roger conversou com o Blog IBGC, abordando os destaques do seu novo livro, Disrupt With Impact: Achieve Business Success in an Unpredictable World (Disrupção com impacto: como alcançar sucesso nos negócios em um mundo imprevisível, em tradução livre), e também a importância da governança corporativa e da educação continuada para os profissionais que visam entender – e se sobressair – em um futuro que será marcado pela disrupção constante.

Blog IBGC: Quais são os destaques do seu último livro, Disrupt With Impact: Achieve Business Success in an Unpredictable World?
Roger Spitz: O livro foca em como os efeitos abrangentes da disrupção no mundo dos negócios são inevitáveis, e trazem tanto desafios sem precedentes quanto oportunidades para moldar de maneira criativa os nossos futuros. A proposta é capacitar os leitores a navegarem nessa incerteza crescente e nessa necessidade incessante de mudança – apoiando-os na tomada de decisões estratégicas. Para isso, a obra se concentra em quatro áreas-chave:

1. Compreender o que é diferente na natureza da disrupção hoje. Não se trata mais de algo único ou recorrente: a disrupção agora é uma constante, e impacta o mundo empresarial cada vez mais.

2. Como promover mudanças inovadoras e transformadoras. O verdadeiro impacto da disrupção é fortalecer a esperança, desbloquear novas possibilidades e impulsionar transformações nos sistemas.

3. O futuro da inteligência artificial. Introduzimos o conceito de “tecnistencialismo” para explorar como a tecnologia afeta a existência humana e a tomada de decisão.

4. Como liberar seu pensamento disruptivo para inventar o futuro – para isso, apresentamos nosso Canvas de Pensamento Disruptivo.


Como você descreveria a importância da governança corporativa quando falamos sobre futuros disruptivos? E como os profissionais dessa área podem prosperar em tempos de incerteza?
A governança corporativa é indiscutivelmente essencial para navegar nas águas turbulentas dos futuros disruptivos. Conforme vamos enfrentamos os desafios e oportunidades, é crucial repensar os modelos de governança, migrando das práticas tradicionais para uma abordagem mais sistêmica, resiliente e orientada para o futuro. Ao antecipar e abordar proativamente riscos e oportunidades emergentes, as organizações não apenas vão sobreviver, como também prosperar nessa era de mudanças rápidas.

Com isso, ao desenvolver a governança antecipatória, os conselhos podem imaginar proativamente futuros que sejam plausíveis e consolidar, hoje, um processo de tomada de decisão preparado para o futuro. E os papéis de liderança e governança devem evoluir à medida que conectamos o presente aos futuros. O valor da governança antecipatória é melhorar a agilidade cognitiva para mudanças extremas (mas que são plausíveis), enquanto reprogramamos o modo como nossos sistemas estão configurados.

É importante reforçar que, em sistemas complexos, não há interações simples. Mudanças em uma área podem produzir resultados aparentemente não relacionados em outra, o que pode ser desafiador para a tomada de decisão. Então, líderes que atuam com governança antecipatória precisam entender que os sistemas se autorregulam por meio de feedback. O resultado de uma interação influencia a próxima interação.

Portanto, para operar no ambiente imprevisível de hoje, juntamente com uma forte governança, todos nós precisamos ser tomadores de decisão ágeis. Conciliar prioridades de curto prazo com aspirações de longo prazo pode ser complicado onde a mudança é a norma – e é justamente isso que exige incorporar a governança antecipatória, construir fundamentos antifrágeis e exercer nossa influência, sempre nos mantendo prontos para manobrar com agilidade em ambientes novos.

O IBGC conta com a Lifelong Learner - uma plataforma de educação continuada para a comunidade de ex-alunos dos cursos do IBGC e profissionais certificados pelo instituto. Qual é a relevância da educação continuada para profissionais focados em inovação?
A educação continuada - ou o que eu chamo de “aprender, reaprender e desaprender” - é essencial para todos. Afinal, a expectativa de vida está projetada para aumentar, o que significa que precisamos ajustar como percebemos as fases de nossas vidas. O que antes era uma trajetória linear da educação para o trabalho e depois para a aposentadoria deve evoluir para um processo não linear de aprendizado, desaprendizado, reaprendizado, exploração, prototipagem, descoberta e realização. Isso é ainda mais importante para líderes experientes que assumem papéis de governança e inovação.

Além disso, esse conceito de “aprender, reaprender e desaprender” serve também uma compreensão de como a inovação e o fracasso andam de mãos dadas – e só assim vamos conseguir alcançar e manter nossa relevância. E ao examinar esses processos podemos descobrir insights-chave:

Aprender: para isso, é importante estar sempre disposto, criar um ambiente criativo, e aprender fazendo e ensinando.

Desaprender: Para fomentar perspectivas diversas e democratizar a inovação, substitua visões hierárquicas de expertise pela compreensão de que grandes ideias podem vir de qualquer lugar. Busque inovações nas interseções de diferentes disciplinas.

Reaprender: Adapte-se mesmo quando você está tendo sucesso. O mundo continua a evoluir mesmo depois que você alcança um certo nível de competência. Vale também encurtar os ciclos de feedback, já que o ele está continuamente evoluindo. Esse aprendizado contínuo gera sempre novas informações e insights.

Sabemos que esta não é a sua primeira vez no Brasil e no IBGC. Quais são as suas expectativas para essa masterclass no dia 14/08 aqui no instituto?
Visito o Brasil pelo menos uma vez por ano, e tenho feito isso há 20 anos. Sempre aprecio minhas visitas ao IBGC e as discussões enriquecedoras. Portanto, para minha masterclass no IBGC sobre “Disrupt With Impact”, espero que os temas ressoem ainda mais fortemente com os participantes. Tomadores de decisão e agentes de governança precisam entender que o verdadeiro impacto da inovação está em catalisar transformações positivas em nossos sistemas complexos. O poder da disrupção não está em sua capacidade de causar ruptura, mas na habilidade de desbloquear novas possibilidades, especialmente em tempos imprevisíveis.

À medida que as complexidades do nosso mundo aumentam, a incerteza – que é inerente ao futuro – se intensifica. Assim, conselheiros de administração, tomadores de decisão e demais agentes de mudança estão começando a entender a importância de estratégias prospectivas, da governança antecipatória e do pensamento sistêmico. São ferramentas nos permitem explorar vários futuros, desafiar suposições e ir além do status quo.


Conheça mais detalhes sobre a Lifelong Learner na página oficial da plataforma.

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