IBGC Conecta discute relações entre famílias do setor e governança no pós-crise
Com o encolhimento dos serviços e da indústria no primeiro trimestre do ano, o agronegócio brasileiro surge como o único setor com avanços positivos no período. Em termos de representatividade no Produto Interno Bruto (PIB), a área passou de 21,4% para 23,6% em 2020, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Quem trabalha no agro já tinha noção de sua relevância, mas com esses novos dados todos podem compreender a dimensão e o peso desse trabalho para o país”, afirmou a líder de Serviços de Governança para Agronegócio do Rabobank Brasil, Daniela Sampaio, durante a abertura do IBGC Conecta de segunda-feira (1º de junho).
A executiva falou das relações do setor e suas famílias empresárias com a governança corporativa em webinar mediado por Patrícia Amélia Bueno, CEO e fundadora da EasyHub, mentora de startups e participante do grupo de trabalho (GT) Governança no Agronegócio no IBGC. Também participaram da discussão Ana Firmato, líder da Innovatus Capital Partners para a América Latina, e Beatriz Brito, sócia da Phrenos Desenvolvimento Humano e da Laudejá Agronegócios, além de membro da Comissão de Empresas de Controle Familiar e do GT Agro do IBGC.
Segundo Daniela, o crescimento robusto e tecnológico do agro no Brasil tem aproximado as novas gerações dos negócios, além de trazer complexidade para as empresas. “O problema do crescimento é um problema bom, é para quem está conquistando novos patamares”, disse. “A governança no setor trata de problemas reais, relacionados a riscos, sucessões, sócios, controles, transparência, gestão. A governança é a ferramenta para lidar com esses novos desafios”, assegurou. Para ela, diante de um momento de crise e insegurança como o atual, a importância da governança aumenta. “Mesmo que não chame governança, que não seja formal, é importante que os fundamentos da governança estejam no sistema da companhia”, recomendou.
Da Innovatus, Ana falou do ponto de vista do investidor do setor em meio à pandemia. “O momento é de minimizar riscos e a governança ganhará um papel grande nesse sentido. A sensibilidade envolvendo o tema será maior”, garantiu. Já do ponto de vista de quem ajuda famílias empresárias no desenvolvimento da governança, Beatriz defendeu que o processo de governança traz utilidades relevantes. “O grande benefício que eu identifico na governança é a construção de um espaço de diálogo que os aproxime [como família] e aproxime os sócios do negócio”, contou.
Sobre a governança possível da propriedade rural, com suas adequações, Beatriz apontou que governança ideal é aquela que se constrói de acordo com seu porte, sua cultura e limitações. “Devemos deixar aquela crença de que é o olho do dono que engorda o boi, para a crença de que são os indicadores que trarão os resultados, sem esquecer que o alinhamento da família é essencial, sua clareza sobre valores e o futuro da empresa”, completou.