Dinâmica da governança deve fluir com a cultura da organização

Especialistas detalham responsabilidades da secretaria de governança e traçam perspectivas para a função

  • 18/05/2020
  • Equipe IBGC
  • Eventos

As diferentes culturas das organizações devem ser compreendidas pela governança corporativa. Na avaliação de especialistas participantes do IBGC Conecta de segunda-feira (18 de maio), um dos principais cuidados da secretaria de governança nas empresas está na implantação de processos que fluam com a dinâmica organizacional da companhia. Para Milton Lopes Antelo Filho, diretor-presidente da Fundação Promon de Previdência Social, “forçar essa dinâmica seria um bom caminho para o fracasso”, garantiu.

Em webinar dedicado às funções e perspectivas da secretaria de governança nas empresas, a superintendente de Societário e Governança da B3 e coordenadora da Comissão de Secretaria de Governança Corporativa do IBGC, Iael Lukower, mediou um debate entre Antelo Filho, o consultor de Governança Corporativa e Familiar, Teruo Murakoshi, o gerente jurídico de Governança Corporativa da Bunge Bioenergia, Daniel Araújo, e a sócia da Evolure Consultoria e secretária de Governança do IBGC, Claudia Pitta. 

“Vejo que as organizações têm culturas muito distintas, é uma questão de DNA corporativo. O profissional de secretaria [de governança] deve estar imerso na realidade da organização, tanto nas conversas mais institucionais quanto naquelas de cafezinho, para entender quais práticas podem e devem ser sugeridas em cada ocasião”, afirmou Antelo Filho.

Ele contou ainda que vê o profissional de secretaria como um generalista, que deve buscar conhecimento em vários campos. De acordo com o executivo, “há uma dimensão operacional neste trabalho, acompanhada por uma função estratégica, que nem todas as organizações conseguem enxergar, e uma última dimensão de relacionamento, entre a gestão, os conselhos e as outras áreas da empresa”, detalhou.

No mesmo sentido, Murakoshi concordou que governança deve ser direcionada para a realidade de cada negócio e que a secretaria deve acompanhar valores, objetivos e estratégias da empresa. Para o consultor, o profissional de secretaria deve ter uma visão sistêmica para desempenhar sua função de forma efetiva. “A governança é baseada em princípios, processos e práticas que direcionam princípios, o profissional de secretaria deve ter discernimento sobre a hora e a forma correta de sugerir melhorias. Por meio de soft skills, ele deve conhecer como flui o processo da tomada de decisão na empresa, para influenciar de maneira positiva a organização”, disse.

O ‘novo normal’ na secretaria de governança

Por conta da pandemia, repensar o formato dos encontros e reuniões dos colegiados fez parte das tarefas de muitos profissionais de secretaria de governança. Em muitos casos, as reuniões tiveram uma transição tranquila para o online, em outros, nem tanto. Na experiência de Claudia Pitta, as reuniões virtuais têm sido mais objetivas que as presenciais. “Tenho a impressão de que as pessoas não querem alongar discussões naquele ambiente, estar por muitas horas em frente ao computador”, explicou. Ainda assim, frisou que "as reuniões virtuais tendem a ficar na agenda, por trazerem uma exigência do futuro da governança: a agilidade”. 

No entanto, ela viu também alguns desafios relacionados ao uso da palavra durante as reuniões. “As pessoas que tendem a ser mais ativas ao falar, vão falar mais, e as pessoas que tendem a esperar seu momento podem ficar com a percepção de que não tiveram uma oportunidade para falar. Tenho pensado nisso, para evitar frustrações e que algumas vozes não sejam ouvidas”, disse. Claudia lembrou ainda que a pandemia tem mudado a dinâmica das discussões por conta de sua natureza imediatista. De acordo com ela, conciliar a agenda da crise, de curto prazo, e as metas de longo prazo, que são a responsabilidade do conselho, tem sido muito desafiador. 

No caso de Daniel Araújo, gerente jurídico de Governança Corporativa da Bunge Bioenergia, a percepção foi de que as reuniões virtuais foram positivas, mas não substituem a interação presencial, que passada a crise devem voltar ao calendário do conselho. Além disso, ele apontou que nesse período, a comunicação tem sido muito importante na companhia. “Temos que ser mais abertos e transparentes nesse momento, por isso, desenvolvemos informativos semanais sobre as atividades da companhia para levar ao conselho”, contou. Na visão dele, juntar todos os documentos relevantes em uma única apresentação também tem facilitado o acompanhamento das reuniões por parte dos conselheiros.

Assista o webinar completo:

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