IBGC e KPMG lançam pesquisa com dados sobre governança no agronegócio

Plano de sucessão está entre principais necessidades de empresas familiares do setor. Pesquisa ouviu 367 produtores rurais

  • 17/03/2022
  • Equipe IBGC
  • Portal do Conhecimento

O IBGC e a KPMG acabam de lançar a pesquisa Governança no Agronegócio: percepções, estruturas e aspectos ESG nos empreendimentos rurais brasileiros com dados que mostram que a governança corporativa é valorizada pelas empresas que atuam na agropecuária nacional. Para 85% dos respondentes, a prática é importante ou muito relevante para o seu negócio.

No entanto, o estudo - que contou com a participação de 367 produtores rurais brasileiros - mostra desafios e sinaliza que ainda existe margem substancial para avanços. O plano de sucessão está entre as principais necessidades em matéria de governança para os empreendimentos rurais, apontado por 54% dos participantes da pesquisa, assim como, o mapeamento de riscos corporativos e operacionais (52%), melhorias no ambiente de controles internos e de compliance (51%) e formalização de papéis e responsabilidades (50%).

“Quanto maior o porte econômico da empresa, mais familiaridade tem com o tema. Entre as que faturam mais de R$ 1 bilhão, 90% afirmaram terem conhecimento das práticas. Quando observamos aquelas que têm faturamento de até R$ 20 milhões, o índice cai para 65%”, analisa a sócia de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo.

Sobre as boas práticas de governança

Dentre as principais práticas de governança, 58% das empresas possuem regras ou políticas de remuneração do trabalho dos sócios, 56% têm diretoria executiva e 55% realizam assembleia/reunião anual. Mais da metade dos produtores afirma estabelecer regras ou políticas de remuneração dos sócios.

A pesquisa também aponta que metade dos respondentes possui conselho, sendo que 15% são de caráter consultivo e 35% de administração – reflexo do grande porte dos empreendimentos rurais da amostra. Além disso, a separação das funções de diretor-presidente e presidente do conselho de Administração, entre as boas práticas de governança corporativa, é exercida por 63% dos participantes.

No quesito “prestação de contas formal”, quando segmentado pelo faturamento, nota-se uma tendência de aumento na adoção da prática, conforme se eleva o porte do empreendimento rural. Quando perguntados sobre o horizonte do plano estratégico, 45% dos respondentes consideram o longo prazo no plano e outros 35% focam no curto prazo.

A inovação é outro tema presente nas discussões estratégicas dos empreendimentos rurais integrantes da pesquisa, sendo debatido periodicamente nas reuniões de Diretora ou Conselho para 49% da amostra. Dentre estes empreendimentos, 26% possuem um profissional ou área dedicada ao tema.

Empresas familiares são maioria na amostra

Uma das principais características da economia brasileira é a presença das empresas familiares, especialmente, no agronegócio. A amostra da pesquisa é constituída particularmente por grandes empresas/propriedades rurais e 80% dos respondentes autodeclaram pertencer a um empreendimento familiar. Assim como nas empresas familiares de outros setores, as principais questões que preocupam esse tipo de organizações no setor agronegócio não são diferentes. "Isso se expressa na pesquisa, já que para 54% dos respondentes de empresas familiares, o plano de sucessão é sua maior necessidade”, comenta Luiz Martha, gerente de Pesquisa e Conteúdo do IBGC.

Um plano de sucessão mostra-se relevante também ao se analisar outro dado do estudo: em geral, existe o interesse da próxima geração em assumir a gestão da empresa familiar, visto que 79% dos participantes indicaram essa resposta. “Aqui temos um outro ponto de alerta, já que, apesar do grande interesse da próxima geração na empresa familiar, apenas 31% delas oferecem programas de treinamento para preparar os possíveis sucessores”, diz Martha.

Já quando tratamos dos fóruns de discussão das empresas familiares, observamos que apenas 29% possuem um conselho de família, estrutura de governança responsável por propor e monitorar as atividades da família, além de ser a interface com os outros órgãos de governança. Entretanto, quando este conselho existe, observa-se melhoria no tratamento de conflitos: 63% das empresas familiares com conselho de família se sentem à vontade para conversar sobre conflitos e diferenças (mantendo um ambiente positivo e de confiança), contra 37% daquelas que não o possuem.

Sobre os aspectos ESG

Quanto aos aspectos ambientais e sociais, a pesquisa indica que 42% entendem os riscos e as oportunidades socioambientais e discutem o tema, periodicamente, na diretoria ou no conselho. Em 26% dos empreendimentos, existe uma área dedicada a avaliar os riscos e oportunidades socioambientais; em 17%, existe a divulgação ao público/mercado de relatórios contendo informações sobre as práticas socioambientais adotadas e em 16% das empresas a mesma divulgação é destinada aos sócios.

Entre os destaques das ações focadas em meio ambiente, estão a preservação ou recuperação de áreas de proteção permanente, assim como, a conservação do uso da terra e recuperação de áreas degradadas, iniciativas mais citadas entre as propriedades rurais. Interessante notar que 23% dos empreendimentos rurais integrantes da pesquisa detém programa voltado à redução de gases de efeito estufa e economia de baixo carbono.

Já no âmbito social, 54% adotam políticas de treinamento para funcionários e colaboradores, assim como,  políticas de recursos humanos que visam ao reconhecimento e ao bem-estar dos funcionários, enquanto 42% realizam apoio a projetos de desenvolvimento da comunidade local.

A pesquisa completa está disponível no Portal do Conhecimento do IBGC, acesse aqui.

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