“A governança é a bússola para empresa seguir princípios claros”

Bruno Okamoto, CEO da Eu Nerd, conta como é participar do Programa de Mentoria para Startups do IBGC

  • 16/10/2020
  • Ana Paula Cardoso
  • Bate-papo

Em junho deste ano, o IBGC lançava o piloto do Programa de Mentoria para Startups. Em parceria com o hub de empreendedorismo tecnológico Cubo Itaú,  a ideia foi trazer perspectivas de governança para este tipo de segmento, caracterizado pelo espírito inovador, pela gestão informal e pelo perfil de empresários jovens. 

Mais de 60 candidatos inscreveram-se. E entre os selecionados, Bruno Okamoto, CEO da Eu Nerd, empresa do setor de TI, para quem a mentoria ajudou a entender o que faltava na empresa.  “Eu não tinha uma estrutura organizacional bem feita. Identifiquei em um quadrante chamado governança corporativa uma bússola para me levar ao que estava precisando naquele momento”, comentou Okamoto.

Com todos os mentores escolhidos por um grupo de associados composto por membros da Comissão de Certificação de Conselheiros (CCI), Comissão de Startups e Comissão de Inovação do IBGC, o Programa de Mentoria de Startups ainda está em andamento.  Em conversa com o Blog do IBGC, o CEO da Eu Nerd  conta como tem sido o encontro de sua startup com as boas práticas de governança corporativa. Veja  a entrevista a seguir. 

IBGC: Quais são, na sua opinião, os mais comuns entraves e barreiras para uma startup implantar as boas práticas de governança?

Bruno Okamoto: É, em primeiro lugar, uma questão de timing. Saber o momento certo de se estruturar a governança. Por exemplo, fazer isso muito cedo, pode deixar a empresa um pouco burocrática, sem necessidade. Você não precisa passar 6 meses investindo para montar um plano de stock options, por exemplo,  se a empresa nem tem funcionários ainda.  A prioridade da startup no começo não é se organizar. É vender e ganhar dinheiro. E não é preciso uma governança para vender e ganhar dinheiro. A governança vem quando começa a ter mais pessoas trabalhando na empresa, mais investidores institucionais. E quando começa a contratar seus primeiros coordenadores e gerentes é o momento de estruturar a governança. Então, quando se cria hierarquias ou quando entra um investidor que demande, é a hora de se pensar em governança.

E como foi seu encontro com o Programa de Mentoria para Startups do IBGC?

Eu conheci governança através de um de nossos investidores, que era uma empresa pública de capital aberto. Depois, um outro investidor dava cursos no IBGC e eu, confesso, tive preconceito. Achei que era coisa de velho empresário. Até que soube pelo Cubo da parceria para o programa. Eu fiz a inscrição e esqueci. Veio a pandemia e meus funcionários me sinalizaram que estavam inseguros com a empresa e que parecia que eu e meu sócio remávamos para direções diferentes. Aí chegou a resposta de que eu tinha sido selecionado. Veio no timing perfeito.  

Como o programa contribuí para a implantação das boas práticas de governança?

O programa me ajudou muito a priorizar o que é importante, no momento, para minha empresa. Porque, sem o programa, eu construía o que eu, "o Bruno", considerava importante. Hoje vejo a governança muito mais como uma espécie de bússola para a empresa do que como um sistema de administração. Eu vejo que a governança traz visibilidade clara para todo mundo. Desde os mais altos cargos até os mais de base. Para saber aonde a empresa tem que ir, o que a norteia, qual é o planejamento. Também leva às reflexões sobre como os sócios trabalham juntos, como vão se comunicar, como se construir uma empresa sustentável. E tem ainda a questão do conteúdo. A apostila de startups fornecida pelo programa foi muito valiosa porque, quando você fala de governança e pesquisa na internet, aparecem um milhão de definições. Mas o IBGC resumiu em uma apostila de startups com a qual ficou muito mais claro entender quais são os pontos principais a se dar enfoque numa governança. Então, quando mandaram a apostila eu entendi o que é a governança. Mas a mentoria em si me ajudou a entender, dentro de todos aqueles itens, o que era prioridade para o momento da minha empresa.

E o que você destaca em relação ao trabalho com o mentor? 

Meu mentor teve papel fundamental para o momento que eu estava vivendo com o meu sócio. A gente estava indo para caminhos diferentes, sem sentir, mas transmitindo isso para o time. O meu mentor, o Nelson Azevedo, falou da importância de eu ter uma conversa com o meu sócio. E isso abriu a oportunidade de eu ter esta conversa, que vinha sendo adiada, por uma dificuldade pessoal mesmo. Era tipo um tabu. A gente sabia que tinha que conversar e deixava para depois. Então, foi muito importante o mentor, porque suas orientações me levaram a quebrar o gelo e exercitar esse processo de ter conversas mais difíceis.  

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