No contexto social atual, cada vez mais consumidores, investidores e órgãos de fiscalização e regulação cobram das organizações valores como ética e transparência em suas ações, além de posicionamentos claros. Essas demandas, contudo, tem se tornado verdadeiras agentes de transformação nas empresas.
Atento a essa dinâmica, O IBGC promoveu no último dia 28 de setembro de 2021, o evento “A influência dos stakeholders na transformação da cultura ética das organizações”. Na ocasião, participaram especialistas de três empresas que representam diferentes setores do mercado: Suzana Kubric, vice-presidente de recursos humanos da Nubank; Bruno Ferla, vice-presidente (Jurídico, Compliance, Governança e M&A) da BRF e Flavio Pesiguelo, vice-presidente de pessoas, cultura e organização da Natura&Co América Latina
Do conceito à prática
Ética e transparência são fundamentos da governança corporativa e formam um dos seis pilares da
Agenda Positiva de Governança desenvolvida pelo IBGC para uma governança que inspira, inclui e transforma. Durante o encontro, os participantes destacaram as iniciativas existentes em suas respectivas organizações que tratam desses valores na prática. Além disso, descreveram momentos em que a aproximação entre empresas e as partes interessadas lhe renderam aprendizados consistentes e bons resultados.
Suzana Kubric, da fintech Nubank, comentou que o papel da liderança é muito forte na organização e na aproximação com seus públicos, pois todos os membros da empresa são vistos como líderes e donos do negócio. “Há princípios de liderança claros, mas eles passam pela questão sobre como lideramos a nós mesmos, como lideramos o time, e como lideramos a empresa”, comentou Kubric durante o evento.
Ao citar os principais stakeholders, a vp de recursos humanos mencionou os clientes como primeiros da lista, destacados por ela como o foco principal da organização. Em seguida, aparecem os funcionários. Segundo Kubric, o funcionário também é um stakeholder muito importante que, na cultura ética da empresa, exerce um papel participativo, principalmente por meio de uma comunicação democrática.
Biodiversidade e a escuta de comunidades locais
A escuta aberta também é uma experiência compartilhada pela Natura que, segundo Fabio Pesiguelo, tem bons resultados e aprendizados enquanto empresa da indústria de cosméticos. “A escolha em trabalhar com a biodiversidade, por exemplo, fez com que fossemos conhecer os conhecimentos tradicionais e as práticas das comunidades locais. Entendemos que esse conhecimento, de alguma maneira, deveria ser remunerado. Mas não tínhamos um protocolo, pois isso foi em 2006. Começamos, então, um trabalho muito amplo com produtores locais, pesquisadores e governo e isso foi entre tentativas e erros, aprendizados e muitas discussões. Mas esse foi um exemplo muito bacana de aprendizado coletivo”, descreveu Pesiguelo.
O vice-presidente de pessoas da Natura contou ainda que ouvir partes interessadas que possuem uma cultura organizacional diferente da empresa é muito potente. “Temos feito um programa que é o Natura startup que tem influenciado muito na forma como a empresa se organiza. As startups valorizam o indivíduo com trabalhos muito coletivos”, afirmou.
Bruno Ferla da BRF, por sua vez, ao falar da cultura ética mencionou a agenda ESG na empresa que pertence ao setor alimentício há 85 anos. “Os stakeholders querem saber qual é a procedência daquele grão que eu alimento os animais? Como eu trato os animais? Qual a procedência da água e como eu faço para economizar mais água”, exemplificou Ferla.
O VP da BRF compartilhou também que há uma revolução acontecendo quanto ao uso de fontes de energia na indústria e, mesmo ela não sendo barata, é necessária. “Essa diversidade das fontes de energia como a questão dos carros elétricos nas frotas, é uma revolução silenciosa na nossa operação e que não é necessariamente econômica. Há mais gastos, mas essa é uma revolução que presta atenção em outras questões que são importantes para nós como um todo. Isso não só no Brasil, mas em outros países também”, ponderou Ferla.
Este encontro
A influência dos stakeholders na transformação da cultura ética das organizações é um Fórum de Debates exclusivo para associados que sempre traz um tema escolhido pelo curador/mediador e conta com a presença de palestrantes convidados. Para se associar e saber mais sobre as novidades do IBGC, acesse:
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