Capítulo RS: debate expande fronteiras da governança

Em entrevista, Marco Villas-Boas, coordenador do Capítulo RS do IBGC, fala do Fórum de Conselheiros na região

  • 05/03/2021
  • Ana Paula Cardoso
  • Bate-papo

Na quinta-feira (4) o Capítulo Rio Grande do Sul do IBGC promoveu o seu primeiro Fórum de Conselheiros. O primeiro de uma série de quatro eventos que ocorrem ao longo do ano. Na pauta, discutiu-se o conselho do futuro - tema que é um dos seis pilares da Agenda Positiva de Governança, lançada pelo instituto em novembro do ano passado. 

“A ideia é do debate é expandir as fronteiras da governança, respeitando as nuances da realidade regional das empresas”, disse Marco Villas-Boas, coordenador do Capítulo RS, conselheiro certificado pelo IBGC e um dos idealizadores do evento. 

Voltado exclusivamente aos conselheiros de empresas e associados IBGC da região, os primeiros fóruns do capítulo começaram em 2018, ainda no formato presencial. Hoje, 100% on-line, mantêm o conceito original: trazer convidados reconhecidos pela atuação em governança para provocar o debate, à luz das peculiaridades regionais. 

Villas-Boas conversou com o Blog do IBGC sobre as motivações para se debater a governança corporativa em âmbito regional. Veja a seguir a íntegra da entrevista. 

IBGC. Qual é a ideia de trazer o tema conselho do futuro, um dos pilares da Agenda Positiva de Governança, para o 1º Fórum do Capítulo RS deste ano? 
Marco Vilas-Boas: Primeiro é preciso falar sobre a peculiaridade da região: diferente da Região Sudeste, onde há muitas empresas grandes, de capital aberto e que podem ser consideradas modelos de governança corporativa, o Rio Grande do Sul, assim como outros estados da região, tem uma base de empresas menores e mais familiares. Mas não é porque a empresa é pequena ou é familiar que ela não tem a preocupação com esses pilares da Agenda Positiva de Governança. Ao contrário: seus executivos e conselheiros querem entender melhor o que são esses pilares. E querem que sejam traduzidos para dentro da realidade do empresário e do conselheiro. Tem associados que participam do fórum e perguntam: como é que eu posso trazer isso para minha realidade? 

Como surdiu a ideia do Fórum?
Esse fórum foi criado baseado em dois princípios. O primeiro, gerar e disseminar conhecimento de governança corporativa. O segundo, congregar os associados do IBGC e/ou conselheiros certificados da região. E a concentração neste público não é uma questão de elitismo e sim porque a gente quer discutir este ambiente de conselho de administração. E para isso é preciso trazer para o debate quem tem essas experiências. Mesmo que seja o membro de um conselho consultivo, porque o objetivo é trocar vivências de relacionamento e desses processos decisórios. Aos mesmo tempo, pensamos em trazer temas que fossem representativos para uma realidade regional. O propósito do trabalho é para promover debates que favorecem a expansão das fronteiras da governança corporativa, respeitando as nuances da realidade local. 

Como é a dinâmica do Fórum de Conselheiros do Capítulo RS do IBGC?
Esse é o quarto ano que nós fazemos o Fórum de Conselheiros do Capítulo Rio Grande do Sul. A gente o criou fundamentalmente para discutir atualidades regionais. Os capítulos existem para isso, então a gente idealizou fazer uma série de debates que sempre girariam em torno de um tema específico sobre governança, trazendo alguém, que pode ser de outra região, para provocar o debate. Tudo isso no âmbito de conselheiros: para saber o que que eles fazem e o que pode ser adaptado aos conselhos das empresas regionais. A gente estava em busca de discussões sobre essas particularidades, que nem sempre são possíveis de serem aprofundadas durante os eventos de âmbito nacional do IBGC. E o que é mais legal: é perceber que muitas vezes, quando se ouve um conselheiro de uma empresa de São Paulo, por exemplo, o conselheiro de nossa região o escuta, entende em que aquela experiência pode servir de modelo e, durante o fórum, consegue trocar ideias de como adaptar as boas práticas de um modelo para a sua realidade mais específica. 

E acha que isso é possível na prática?
Muitas vezes não vamos conseguir fazer igual a uma empresa que é modelo, que tem uma estrutura maior, mais sólida. Mas é possível se inspirar nela e tentar entender como se pode encaixar aquele modelo em uma outra realidade. São essas posturas que eu acho absolutamente relevantes. A gente pode ver como essas idealizações como modelo ideal e tentar tirar as melhores práticas de governança corporativa, dando os passos gradativamente, adaptando-se ao caminho mais local. Talvez não se consiga fazer  exatamente como aquela empresa, que é o modelo ideal, faz, porque as circunstâncias são outras. Mas a empresa regional pode perceber ser possível caminhar naquela direção. A proposta é trazer de fora pra dentro, partindo de um cenário mais amplo - e muitas vezes até ideal. Depois é discutir e entender como essa idealização pode servir como  orientadora para as ações regionais. E o Fórum tem o objetivo de contribuir para avançar nesse sentido. 

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