Agenda Positiva de Governança tem pilares transversais

Integração de conceitos é fundamental para alcance dos benefícios das medidas em várias dimensões das empresas

  • 27/11/2020
  • Equipe IBGC
  • Congresso

O caráter transversal é uma das principais marcas dos seis pilares integrantes da Agenda Positiva de Governança do IBGC. Nessa dinâmica, os temas que são relevantes para o pilar de ética e integridade, por exemplo, podem também surgir no pilar de inovação e transformação digital. Esse desenho permite uma maior coesão dos princípios que estão por trás das 15 medidas relacionadas nos seis pilares — a saber, os já citados ética e integridade e inovação e transformação; diversidade e inclusão; ambiental e social; transparência e prestação de contas; e conselhos do futuro. O detalhamento da agenda foi o mote do último painel do 21º Congresso IBGC, mediado por Cristiana Pereira, sócia da Ace Governance, conselheira e coordenadora da Comissão do Congresso.

Como explicou Leila Loria, vice-presidente do conselho de administração do IBGC, uma das intenções da Agenda Positiva de Governança é aprofundar a discussão sobre esses temas nas empresas, além de favorecer a integração de todos os pilares. “Essa agenda vai pautar a atuação do IBGC em 2021 e nos anos seguintes, de forma a exercer influência sobre acionistas, investidores e conselheiros”, disse Loria. Ela acrescentou que, para os conselheiros, o trabalho será bastante complexo, já que agora estão na mesa questões muito mais profundas. “Temas muito menos objetivos entram na conta. Sempre brinco dizendo que os conselheiros eram felizes e não sabiam”, comentou.

Especificamente no caso dos conselhos, são alguns desafios o estabelecimento do propósito, o mapeamento de tendências de governança e de seus impactos sobre os temas caros aos boards e a alta densidade informacional existente no mundo hoje, destacou Ricardo Lamenza, coordenador do grupo de trabalho Conselho do Futuro do IBGC e líder do pilar conselhos do futuro. Há também uma questão relacionada ao receio de muitos conselhos de mudar e errar, dois pontos que naturalmente fazem parte dos processos de transformação. Importante, segundo Lamenza, é os conselhos não ficaram parados. “O conselho do futuro é hoje. Se não forem pensados agora, certamente as empresas terão problemas lá na frente”, ressaltou.

No pilar ética e integridade, Marilza Benevides, coordenadora da Comissão de Ética na Governança do IBGC e líder do pilar ética e integridade sublinhou a importância da existência de liderança empáticas, pessoas capazes de observar e ouvir o outro. “É uma mudança relevante de perfil, que deve levar um tempo”, afirmou. De qualquer maneira, é incontornável, por ser uma demanda forte da sociedade. “É preciso que haja ética nas relações entre líderes e liderados, e os líderes devem saber que as pessoas já não são meras executoras de tarefas”, completou, lembrando, ainda da necessidade de um esforço contínuo para a manutenção de uma cultura corporativa ética.

Também responde a uma intensa demanda social o pilar de diversidade e inclusão — temas a cada dia mais noticiados. Segundo Reinaldo Bulgarelli, sócio-diretor da Txai Consultoria e Educação, secretário-executivo do fórum de empresas e direitos LGBTI+, professor, autor do livro Diversos Somos Todos e líder do pilar diversidade e inclusão, a questão, no mundo corporativo, não se esgota com as cotas. “É necessário que as empresas tenham programas bem estruturados de diversidade, e com governança”, destacou. Nesse contexto, disse, as empresas devem ter em mente que precisam assumir responsabilidades com a solução do problema da falta de diversidade, seja racial, seja de gênero. “O papel, nesse ponto, é de correção.”

Quando se fala em temas do pilar ambiental e social, interessante observar o caminho que esses conceitos trilharam: do mundo corporativo para o mundo financeiro. “Hoje os financiadores das empresas já têm a percepção de que levar em consideração aspectos ambientais e sociais na hora de liberar recursos gera resultado”, afirmou Maria Eugênia Buosi, sócia da Resultante Consultoria Estratégica e colíder (ao lado de Sônia Favaretto) do pilar ambiental e social. Ela observou que é importante a ideia de que existe, nesse contexto, uma lógica estratégica de negócios para além dos princípios estritamente morais. Buosi lembrou, ainda, que esse pilar tem uma grande amplitude de stakeholders.

O pilar inovação e transformação, a exemplo de ética e integridade, está muito calcado na figura das lideranças, frisou Maximiliano Carlomagno, sócio-fundador da Innoscience e líder do pilar inovação e transformação. “É um grande desafio o fato de todos os pilares passarem pelas lideranças. Por isso, é necessário que elas desdobrem os projetos, de maneira a evitar a formação de gargalos”, avaliou. Ele também observou que “apoiar” as lideranças em projetos de inovação e transformação não é a mesma coisa que demandar que os levem para a frente. E destacou uma característica inerente aos projetos inovadores: uma alta taxa de fracasso. “Há uma grande distância entre ambição e entrega”, afirmou. 

Também de maneira transversal surge o pilar da transparência e prestação de contas. Afinal, as empresas precisam comunicar de forma eficiente tudo o que fazem nos outros pilares da agenda, lembra Vânia Borgerth, representante do IBGC no International Integrated Reporting Council e líder do pilar transparência e prestação de contas. “A ideia aqui é saber como administrar adequadamente o fluxo de informações sobre a empresa”, disse. Importante nesse aspecto, destacou, é estabelecer uma comunicação fácil do que é mais relevante, com objetividade, concisão e clareza. “Informar não é simplesmente jogar dados no mercado”, concluiu. Um papel de curadoria que pode assegurar a transparência das operações das empresas. 

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