O impacto do IFRS 16 na governança e Criação de Valor-VEC®

Uso de nova norma com metodologia de criação de valor pode evitar decisões desastrosas para os negócios

  • 22/07/2019
  • Autor Convidado
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As atualizações da norma internacional de contabilidade IFRS 16 que passaram a valer desde janeiro deste ano trouxeram mudanças significativas na estrutura e análise da Demonstração de Resultados e no Balanço Patrimonial, a fim de dar mais transparência e padronização às informações publicadas. Registros feitos segundo essa norma vão tornar mais claras informações que antes estavam fora do balanço referentes a contratos de aluguéis, arrendamentos e leasings; assim, será possível confrontar dados e detalhes das estruturas entre empresas (patrimonialistas versus locatárias). 

O registro deverá adicionar valor a ativos fixos, reconhecendo-os pelo direito de uso dos bens. O outro lado da moeda, no entanto, serão aumentos nas obrigações do passivo, classificados em empréstimos de curto ou de longo prazos.

Esse registro vai aumentar o endividamento, pois mudam as proporções capital de terceiros/capital próprio e o custo de capital-WACC. Isso, por sua vez, vai alterar a estrutura de capital da empresa. O risco financeiro vai subir. A nova norma também altera as informações que compõem a estrutura da demonstração de resultados das empresas, bem como os itens da análise dos componentes de resultados, representando um retorno menor sobre o capital investido, o ROIC.

Significa que, se antes todos os tipos de aluguéis, arrendamentos e leasings eram lançados como custos ou despesas operacionais, com o IFRS 16 esses valores passaram a ser trocados por despesas financeiras e de depreciação. Ou seja: aumentos das depreciações, despesas financeiras, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e do lucro operacional.

Mas nada disso aconteceu em termos reais. Os princípios contábeis e a nova classificação das contas não levaram a uma melhoria nas atividades ou na atuação dos gestores.

Na realidade, o IFRS 16 levará a uma relevante reestruturação de informações, que vai exigir maior conhecimento e entendimento das variáveis ao analisar o impacto das alterações, como aumentos do Ebitda, despesas de depreciação, das despesas financeiras e do lucro operacional. Portanto, a gestão vai passar a usar indicadores de desempenho e KPIs novos, em outros patamares e valores. Isso inviabiliza a avaliação e a comparação histórica.

Como sair do impasse? Alternativas simples, incompletas e sem substância técnica ainda são muitos usadas – mas trazem riscos altos. Portanto, a consistência e assertividade das decisões devem ter na base o uso dos conceitos do Lucro Econômico ou Criação de Valor-VEC®. Essa metodologia demanda o uso integrado das demonstrações financeiras, assim como o uso do custo de oportunidade do acionista, representado no custo de capital-WACC.

A Criação de Valor-VEC® considera essa integração de informações e o respectivo impacto do custo de capital-WACC sobre os ativos da operação, deduzindo do lucro operacional. Uma empresa cria valor quando o retorno obtido, o ROIC – o quociente entre o lucro operacional e o capital investido – é superior ao custo de capital-WACC. Quando é inferior, há destruição de valor.

O uso conjunto do IFRS 16 com a metodologia VBM-Value Based Management ou Criação de Valor-VEC® pode evitar compreensões errôneas e decisões desastrosas para os negócios. Simulações e análises práticas com as empresas de governança corporativa indicaram que o VEC® dá informações precisas aos gestores e conselheiros.

Monitorar a saúde financeira da empresa, com governança corporativa, crescimento saudável e sustentabilidade econômica, é essencial para valorização no mercado e perenidade da empresa, fundamentos essenciais para criação de valor. 

O resumo dos impactos nas demonstrações financeiras e KPIs com o uso do IRFS 16:

Sobre o autor

Consultor especializado em Estratégia Financeira com foco na metodologia Criação de Valor-VEC ou VBM-Value Based Management. É doutor e professor de Finanças Corporativas na Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador do caderno de Monitoramento Empresarial do IBGC.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.