A onda de demissões que se verifica em startups de todo o Brasil e no mundo parece ter como causa o atual cenário do mercado de tecnologia, impactado pelos percalços econômicos mundiais – inflação crescente, altas taxas de juros, a pandemia e a guerra da Rússia. Plataformas digitais ligadas ao setor, entre as quais G4Educacão, Olhar Digital e Layoffs Brasil, destacam que já são mais de 5 mil demissões em 2022 no Brasil, em empresas jovens e nas de primeira geração, após ondas de investimento e crescimento.
O investimento em governança corporativa tem se mostrado como uma importante alternativa para dirimir o momento que vivem as startups. A
publicação do IBGC “Governança Corporativa para Startups & Scale-Ups” enfatiza que a governança pode fazer a diferença para a evolução saudável e criação de valor para empresas que querem ser bem-sucedidas. O texto preconiza os quatro pilares que devem ser abordados pelas
startups e
scale-ups: estratégia & sociedade, pessoas & recursos, tecnologia & propriedade intelectual e processos &
accountability.
Em bate-papo com o
Instante IBGC Maximiliano Carlomagno, à época coordenador do então Grupo de Estudos de Governança Corporativa em
Startups do IBGC, esclareceu que a governança ajuda a aumentar as chances da perenidade do negócio: “As boas práticas também reduzem o custo do capital. Levantar recursos é uma das ações mais comuns na jornada de uma
startup. Uma boa governança mostra que ela é uma empresa mais equilibrada e a torna mais atrativa para potenciais investidores. Empresas mais estruturadas e regradas trazem menos surpresas. Para o mercado, surpresa é igual a risco e possível perda de investimento”.
Por sua vez, na
publicação “Startups & scale-ups: maturidade em governança” a consultoria Better Governance detalha que 60,1% dos pesquisados por ela se autodeclara nas fases mais avançadas de desenvolvimento, enquanto 82,4% destas empresas encontram-se nos estágios iniciais de maturidade em governança. Esses dados evidenciam a existência de um descompasso entre as duas variáveis avaliadas. De acordo com a consultoria, a desarmonia entre a fase de desenvolvimento do negócio e o estágio de maturidade da estrutura de gestão salienta a falta de conscientização, por parte das
startups, scale-ups e seus agentes financiadores, quanto à necessidade de aprofundamento conceitual e melhor entendimento da relevância da implementação de melhores práticas de governança para a prosperidade e perenidade do empreendimento. Com o apoio institucional do IBGC, a publicação da Better Governance objetiva entender o modelo de gerenciamento e sua base para o nível de desenvolvimento da
startup e as fases de desenvolvimento no Brasil.
Métricas de governança para bons resultados
O
manual do IBGC “Métrica de Governança Corporativa para Startups e Scale-ups” apresenta-se como considerável ferramenta gratuita de autoavaliação cujo propósito é apoiar as empresas na reflexão sobre as práticas de governança corporativa, adequadas ao seu modelo de negócio e estágio de evolução. Significa, assim, apoio às
startups para seu crescimento e perenidade.
Sobre essa questão, em artigo publicado no site startup.com.br, o mentor de negócios no InovAtiva Brasil, Fabiano Nagamatsu, compartilha sua percepção: “Vejo muito pelo mercado de startups que adequam seu rumo aos cheques dos investidores, se baseando nas métricas desenhadas pelos fundos. Isso é completamente errado e, a médio e longo prazo, insustentável”. Para ele, a boa governança também é o caminho para a recuperação do setor ao se continuar investindo em startups, com boas auditorias e due diligences: “É fundamental que elas tenham um planejamento estratégico financeiro robusto, sustentável e que abranja questões de governança social, ambiental e corporativa (o conhecido ESG). É muito mais interessante ser sustentável do que almejar o título de unicórnio. Até para que surpresas como essas demissões em massa não aconteçam”.