Neste 27 de novembro, o IBGC comemora seus 24 anos. Neste período, a instituição tornou-se uma referência nacional e internacional em discussões e contribuições sobre governança corporativa com ajuda de todos os seus associados e apoiadores. Idealizado pelo administrador de empresas Bengt Hallqvist (1930-2019) e pelo professor e consultor João Bosco Lodi (1937-2002), até novembro deste ano o instituto somava 1.955 associados pessoa física, 229 associados pessoa jurídica e nove companhias mantenedoras. Para celebrar a data, selecionamos importantes acontecimentos citados no livro A história do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), de autoria do cofundador do IBGC Bengt Hallqvist e publicado em 2002.

Um lugar de contribuição

Como muitas das histórias de sucesso, as origens da fundação do IBGC não eram muito favoráveis. Por muitos anos, Bengt Hallqvist e João Bosco Lodi tinham almoços particulares para discutir seus desafios pessoais enquanto conselheiros de administração. Foi por volta de 1994 que decidiram que algo maior deveria ser criado, reuniram alguns de seus colegas e formaram o inicialmente conhecido como Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA), renomeado de IBGC em 1999. Instalados em uma pequena sala emprestada no edifício World Trade Center, em São Paulo, e com a ajuda da esposa de Bengt, que ajudava enviando fax de sua casa, os eventos da entidade foram envolvendo cada vez mais conselheiros. Em 1996, já havia mais de 50 pessoas envolvidas no projeto. 

Crise transformada em oportunidade

Os eventos realizados pelo IBGC, hoje referência no mundo empresarial, ajudaram a entidade a superar um de seus períodos de crise em 1999. Com o início de uma estagnação das atividades do instituto, Bengt organizou dois seminários internacionais, um passando por Boston e Nova York, outro em Londres e Paris. Na ocasião, ele se reuniu com importantes nomes da governança corporativa. A ideia era oferecer conhecimento de ponta aos associados e mostrar ao Brasil a seriedade do objetivo de transformar o IBGC em uma organização forte e representativa.

Código, uma referência de melhores práticas

Amplamente reconhecido e divulgado no Brasil e no exterior, o Código de melhores práticas de governança corporativa do IBGC foi lançado em maio de 1999, com apoio da bolsa de valores de São Paulo (atual B3), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Tida como uma das conquistas mais relevantes da entidade, o documento usou diretrizes básicas de códigos internacionais para representar uma abrangente referência sobre o tema. Em 2001, o código provou a conquista de resultados tangíveis, como a vinda de novos associados e o envolvimento de grandes companhias com a causa. Atualmente, o documento está em sua 5º edição.

Princípios básicos

“Tentamos fazer aquilo que pregamos. Seguir seu próprio código de melhores práticas é um princípio sagrado para a governança do instituto”, diz trecho da publicação. Para Bengt, embora o IBGC atue como uma instituição sem fins lucrativos, ele deve funcionar como uma empresa. Nesse sentido, o foro de associados, “os proprietários”, é representado pela assembleia geral. Um voto por associado, que elegem também comitês de indicação e todo o conselho de administração. Todos são voluntários.

Independência como força

Bengt defendia a independência do instituto como uma importante força. Por não representar nenhuma parte envolvida – proprietários, conselheiros, diretores, auditores, conselhos fiscais ou quaisquer partes interessadas. Segundo ele, o foco da entidade está nas companhias, em melhorar seus desempenhos e facilitar o acesso ao capital. Além disso, é importante frisar que o IBGC apoia demais entidades que promovam a bandeira da governança corporativa e não as trata como concorrentes.

Agenda de eventos

O livro aponta ainda os eventos como parte importante da cultura e história do IBGC. Em seus primeiros seis anos de existência, o instituto realizou 70 reuniões mensais, que contemplavam palestras e interações entre especialistas e participantes. Os cursos e seminários, destinados para associados e para o público externo, também foram responsáveis por um crescimento significativo da base de associados da entidade, com temáticas fixas ou discussões específicas. Aqui Bengt também cita a importância da realização do congresso do IBGC, que teve sua primeira edição nos anos 2000. Só este ano, o instituto realizou 172 eventos, 72 cursos abertos e outros 51 cursos in company.

Pesquisa e promoção sobre governança corporativista

Foi em 1997 que o IBGC fez seu primeiro trabalho de pesquisa. Em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP), o instituto traduziu um levantamento da americana National Association of Corporate Directors (NACD) sobre governança e adicionou adaptações sobre o cenário brasileiro. Da mostra de 120 companhias selecionadas na época, apenas 42 concordaram em participar da pesquisa. No entanto, uma análise crítica desse esforço sugeriu uma amostra pouco representativa, já que as corporações participantes contaram apenas experiências positivas com governança. A primeira promoção do instituto também teve início em 1997 com a impressão folhetos institucionais distribuídos para aproximadamente 3 mil investidores e outras seis mil cópias do Código de melhores práticas de governança corporativa que foram enviadas a investidores, conselheiros, executivos, auditores e profissionais de mídia.