Visão multidisciplinar é diferencial na gestão de risco

Mapeamento antecipado de ameaças pode melhor transformá-las em oportunidades

  • 22/09/2020
  • Ana Paula Cardoso
  • Eventos

Segundo alguns conceitos filosóficos, a dor é um dos caminhos mais eficazes para o aprendizado. Mas será mesmo preciso sofrer para assimilar melhor determinados conhecimentos? De acordo com os participantes do Fórum de Debates sobre Atuação de gestão de riscos em cenário pós-crise, realizado nesta terça-feira (22/09), quando o assunto é gestão de risco nas empresas, há formas menos dolorosas de conduzir os negócios numa crise. 

“O aprendizado pode ser feito mais por um mapeamento antecipado e menos pela emergência”, recomendou Luís Navarro, sócio e líder de gestão de riscos da KPMG. Convidado do debate, Navarro contou sua experiência como consultor, na qual deparou-se, muitas vezes, com empresas que acham que seus negócios não correm risco algum. 

Muitas destas organizações precisaram enfrentar uma pandemia para finalmente conscientizarem-se de quanto estavam equivocadas. “Viver incorre em risco. Operar qualquer negócio traz riscos. E quanto mais se prepara para os riscos, mais oportunidade a gente tem de transformá-los em algo positivo”, acrescentou Ana Carracedo, diretora de riscos e compliance do Grupo Votorantim, também presente no evento.

De acordo com os participantes do debate, a crise da Covid-19 foi fundamental para deixar muito clara a importância de se mapear riscos.  Para o sócio da KPMG, o problema está no fato de a palavra risco trazer uma conotação negativa. “E, portanto, quando a empresa vai bem ou o cenário conjuntural não apresenta preocupações, o assunto acaba virando tabu”, acrescentou Navarro.

Gestão de risco exige um olhar curioso

Mediador da discussão, André Vitório, coordenador do capítulo Minas Gerais do IBGC, provocou os convidados com a pergunta: e como colocar a questão de risco na agenda? De acordo com Vitório, a expectativa dos conselhos de administração é que o assunto seja mais difundido no dia a dia das empresas. 

Para Ana Carracedo, é fundamental conversar com os gestores executivos para desmistificar a ideia de que risco é ruim. Já para Navarro, no entanto, ainda não há maturidade na gestão de riscos no Brasil. "Mas isso vai precisar ser transformado porque o cenário da pandemia mudou a rotina e a forma de ver o mundo. O risco está cada vez mais na ordem do dia da diretoria executiva e das decisões estratégicas”, disse o sócio da KPMG.

Uma boa saída para levar uma empresa a absorver a gestão de risco na rotina é formar conselhos diversificados, trazendo não apenas profissionais independentes do setor no qual atua a empresa, mas com formações multidisciplinares. “Um dos melhores membros de um conselho de gestão de risco que conheço é uma socióloga. Porque ela traz uma visão de algo que ninguém costuma olhar”, contou a diretora de riscos e compliance do Grupo Votorantim

Avaliar probabilidades de impacto de forma ampla é capaz de colocar a empresa em vantagem competitiva. “Gestor de risco precisa ser uma pessoa curiosa. Não adiante ter todas as certificações se vai falar só da caixinha. A gestão de risco é complexa porque os gatilhos estão em todos os lugares. E quem olha para todos lados mapeia melhor os riscos “, completou Navarro.



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