O edital com as regras da Certificação para Membros de Comitês de Auditoria será publicado no início do segundo semestre. A primeira prova para certificação está prevista para ocorrer em outubro. O projeto segue o mesmo formato da certificação de conselheiro administração – que completa dez anos neste ano. Um grupo de trabalho está avaliando os requisitos que serão exigidos dos candidatos e elaborando um material de estudo que irá orientar a preparação para o exame de proficiência. “Todo o conteúdo está alinhado com os materiais produzidos pelo IBGC, IIA Brasil (Instituto dos Auditores Internos do Brasil) e Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), que estão dando suporte técnico na elaboração da apostila”, informa Carlos Alberto Diehl, professor titular de Ciências Contábeis e de Engenharia de Produção da Unisinos, que coordena a produção do material de estudos e as questões da prova. 

O exame será baseado no conteúdo da apostila e deverá abordar situações práticas. “O profissional vai se deparar com problemas que muitos já encontraram no seu dia a dia”, diz Diehl, que fala sobre a importância crescimento dos comitês de auditoria e dá dicas para os candidatos à certificação.

Quais os maiores desafios dos comitês de auditoria?

O comitê de auditoria tem a preocupação de proteger a organização de riscos financeiros, estratégicos, operacionais e de reputação. O comitê aborda uma questão primordial que é a integridade. Não falo somente em compliance, pois o termo acaba se reduzindo à conformidade, normas e regulamento. A integridade está relacionada com os valores e a ética da organização, exigências cada vez maiores da sociedade. Estamos vivendo uma mudança do discurso da ética e nas práticas das organizações. Se a sociedade não aceita problemas éticos, as empresas que não tiverem preocupação com a integridade serão excluídas do mercado. O comitê de auditoria atua para proteger as empresas de práticas que não respeitam a integridade esperada pela sociedade.

Como será a prova certificação?

A prova terá como base o conhecimento consolidado sobre comitês de auditoria, validado não somente pelos profissionais da área, mas também pela academia. A avaliação será baseada no conteúdo do material de estudo que estamos preparando. O exame deverá abordar situações práticas, que representem a realidade de uma empresa. Os candidatos deverão analisar e tomar decisões que estejam alinhadas com o que se espera de um membro de comitê de auditoria.

Como o candidato deverá se preparar para a prova?

O material de estudo trará o conteúdo e orientações para a preparação para o exame. Além da apostila é recomendável que alguns aspectos sejam consultados nas publicações originais. Lendo esses materiais o candidato terá conhecimento mais aprofundado de temas importantes. Recomendamos o estudo do Código das melhores práticas de governança corporativa do IBGC, e cadernos sobre gerenciamento de risco corporativos (Caderno 19 - Gerenciamento de riscos corporativos: evolução em governança e estratégia, e Caderno de governança 3 - Guia de orientação para gerenciamento de riscos corporativos), entre outros. Vale ressaltar que a atuação do comitê de auditoria não é meramente fiscal e contábil. O comitê avalia a disposição de riscos da empresa, envolvendo a questão da integridade da organização. A entidade pode estar cumprindo todas suas obrigações fiscais, com demonstrações financeiras muito bem elaboradas, mas pode estar envolvida em operações que podem trazer riscos morais e de reputação.

Como será o material de estudo?

O material é muito didático e está sendo elaborado para que todos tenham noção do funcionamento e atuação de um comitê de auditoria, independentemente da sua formação acadêmica. O conteúdo da apostila está dividido em sete capítulos. O primeiro dá uma visão geral sobre governança. O segundo aborda o ambiente regulatório, com questões de legislação e regulamentações da CVM e Lei das S.A., entre outras. Depois falamos sobre contabilidade e finanças. Membros de comitês de auditoria têm de ter domínio razoável das demonstrações financeiras. A apostila segue abordando controles internos e gerenciamento de riscos, depois integridade, ética e compliance e finaliza com auditoria interna e auditoria independente/externa. Cada um desses capítulos é composto por uma parte introdutória, trazendo conceitos desse tópico, e outra que aborda aspectos mais práticos. Todo o conteúdo está alinhado com os materiais produzidos pelo IBGC, IIA Brasil (Instituto dos Auditores Internos do Brasil) e Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), que estão dando suporte técnico na elaboração do material de estudo. A apostila está consolidando o conhecimento que estava disperso em diversas publicações. 

Mesmo quem já trabalha em comitês de auditoria precisa estudar com a apostila?

O material é bastante completo e, mesmo quem já tenha experiência, terá ganhos estudando a apostila. Ele terá aprendizados adicionais. Sabemos que o profissional pode trazer alguns vícios. Na empresa na qual ele atua pode ter procedimentos que nem sempre estão alinhados com as práticas mais recomendáveis. A vantagem do estudo de preparação é esclarecer alguns pontos, reforçar algumas práticas e ampliar o conhecimento.