Em 2021, 49% dos conselhos de administração indicaram concentrar a maior parte do tempo das reuniões - ou o tempo total dos encontros - para falar de assuntos relacionados ao futuro da organização. Em 2020, este índice era de 39%. Os dados são da segunda edição da pesquisa "Conselheiros: dedicação de tempo dentro e fora das salas de conselho", realizada pela
Better Governance e pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e lançada no último dia 9 de novembro, em evento transmitido no canal do
Youtube do IBGC.
No entanto, quando esses aspectos são avaliados em conselhos consultivos, ocorre uma inversão de cenário: aumentou de 39%, em 2020, para 43%, em 2021, o número de conselhos consultivos que passaram a dedicar mais tempo, na verdade, ao passado. Para Sandra Guerra, sócia-fundadora da Better Governance, as mudanças geradas pela pandemia no ambiente de negócios exigiram uma capacidade de adaptação estratégica muito maior das organizações.
“Esse pode ser o principal fator de inflexão em relação ao estudo anterior. Os conselhos foram instados a rever os planos da organização frente a uma disrupção sem precedentes. Inclusive, até mesmo o número de conselhos com reuniões dedicadas ao planejamento estratégico aumentou de 2020 para 2021. Foi de 78% para 89% nos conselhos de administração e de 68% para 81% nos consultivos. Os conselhos precisaram rever sua visão de futuro”, analisa Guerra.
Assuntos fora da alçada
Por outro lado, caiu de 37% (2020) para 17% (2021) o índice de conselhos de administração brasileiros que investem mais do que 30% de seu tempo de reunião em assuntos fora da sua alçada, ou seja, a assuntos que pertencem ao âmbito da gestão. Para Luiz Martha, gerente de pesquisa e conteúdo do IBGC à queda se relaciona ao efeito da pandemia. “A discussão estratégica é inerente ao dever do conselho e uma exigência frente às mudanças do ambiente trazidas pelas instabilidades do momento. Ao se abordar mais a questão estratégica, há menos tempo para temas fora da alçada do conselho”, comenta.
O amadurecimento dos conselhos em relação à gestão e às responsabilidades também influencia essa evolução diagnosticada pela pesquisa. Para Martha, apesar de não existir uma métrica sacramentada, quanto menor ou mais próximo de zero o percentual de conselhos com mais tempo focado em assuntos fora da alçada, melhor. “Isso vai significar que, cada vez mais, as responsabilidades de cada instância, conselho e gestão, estão claras e que os temas estão sendo tratados nos fóruns âmbitos adequados”, afirma.
Nesta segunda edição da pesquisa, o questionário foi respondido por 194 conselheiros brasileiros, entre fevereiro e março de 2021, e foi complementado para capturar o impacto da Covid-19 na rotina desses profissionais. Os respondentes atuam em 430 conselhos de diversos segmentos econômicos e tipos de organização.
Acesse a pesquisa completa no
Portal do Conhecimento do IBGC
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