Professor adjunto de Family Enterprise na Kellogg School of Management, Ivan Lansberg afirma que normalmente os conselhos concentram a atenção no que acontece “abaixo” deles, enquanto no caso das empresas familiares é preciso rastrear o que acontece entre os proprietários“, ou seja, “acima” deles. Explica que as famílias empresárias são responsáveis por alinhar a estratégia competitiva do negócio com a sua estratégia de continuidade. Segundo ele, a resiliência da empresa familiar depende da obtenção desse alinhamento correto: “Um conjunto forte de conselheiros familiares pode reforçar os vínculos do board e garantir que os proprietários permaneçam unidos e comprometidos com o sucesso de sua empresa”.
O estudo demonstra que é estratégico e sustentável o trabalho conjunto entre conselheiros independentes e familiares, porque agrega mais valor para os acionistas e para a alta administração. Análise recente da empresa Lansberg Gersick & Associates (LGA), da qual Ivan é sócio-gerente, considera que, nas maiores empresas familiares do mundo (incluindo muitas das maiores empresas públicas controladas por famílias) os conselheiros familiares constituem, em média, um terço dos conselhos dessas empresas e que, infelizmente, poucas têm programas para desenvolvê-las, examiná-las, selecioná-las e avaliá-las.
O autor considera que os conselheiros familiares são embaixadores da família empresária em relação a propósito, valores e visão da família, além de serem administradores da cultura da empresa, e que por isso suas funções exigem um conjunto específico de competências, entre as quais:
• Capacidade de integrar os valores da família em conversas estratégicas no conselho.
• Habilidades de comunicação para explicar decisões difíceis do conselho para a família, como reduzir dividendos.
• Capacidade de confrontar líderes da geração sênior com ideias desafiadoras, como a necessidade de revitalizar linhas de produção de forma mais compatível com as necessidades dos consumidores mais jovens e, no caso pós-Covid, a implementação de horários de trabalho mais flexíveis e do home-office.
A pesquisa detalha ser ideal as empresas familiares desenvolverem programas de mentoria para os quais recrutem conselheiros independentes para capacitar candidatos familiares de alto potencial. Sugere também a importância de os candidatos a conselheiros investirem em sua educação continuada em governança e que os boards os ajudem a aprender a gerenciar os limites e dilemas que surgem com a atuação simultânea como acionistas, conselheiros, membros da família e executivos do negócio.
Para o professor, a pandemia e o aumento das tensões geopolíticas mundiais reforçaram a necessidade de conselhos competentes e engajados para fortalecer a resiliência de empresas familiares em tempos de turbulências e incertezas: “Neste novo contexto, tornou-se imperativo aumentar a capacidade dos conselhos de administração de empresas familiares, com conselheiros independentes e familiares capazes de colaborar de forma eficaz para agregar valor tanto para os acionistas quanto para a alta administração”.
Ivan Lansberg é sócio-gerente da Lansberg Gersick & Associates (LGA) e professor adjunto de Family Enterprise na Kellogg School of Management, escola de negócios da Universidade Northwestern; foi cofundador do Family Firm Institute (FFI) e o primeiro editor de sua revista profissional, a Family Business Review. É autor do livro Succeeding Generations, publicado pela Harvard Business Review Press.
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