Há um ano, o IBGC lançava o capítulo brasileiro da Climate Governance Initiative, iniciativa do Fórum Econômico Mundial que mobiliza a alta gestão a abordar o desafio da mudança climática. Assim, se estabelecia no país o Chapter Zero Brazil com o compromisso de promover conteúdos e eventos para informar, trocar ideias e compartilhar experiências entre conselheiros de administração, diretores executivos, governance officers, acionistas e demais stakeholders sobre ações que minimizem as mudanças climáticas.

“O IBGC foi convidado a participar da CGI por ser uma organização que fala diretamente com os conselheiros de administração e, desde então, uma série de ações foram realizadas junto a eles. A CGI está presente em 19 países e o Brasil foi um dos primeiros países a adotar a iniciativa”, diz Valéria Café, Diretora de Vocalização e Influência do IBGC, ao relembrar os caminhos de pré-lançamento da iniciativa que também é compartilhada por países como Itália, Reino Unido, Malásia, França, Canadá, entre outros.

Valéria conta também que uma das primeiras ações foi entender a situação atual das empresas brasileiras em relação aos desafios ambientais. Para isso, o IBGC realizou uma pesquisa junto ao empresariado nacional para identificar como eles estavam endereçando essas questões.

A partir disso, teve início um trabalho forte de conscientização sobre o tema, com eventos para a sociedade em geral por meio de transmissões pelo canal do YouTube do IBGC, além de eventos solidificados no instituto como seu Congresso Anual e o Encontro de Conselheiros.

“Atingimos, nestes eventos, cerca de 2.000 pessoas. Nós também passamos a convidar outras organizações da sociedade civil brasileira que já vêm atuando fortemente sobre as questões relacionadas ao meio ambiente e aos impactos das mudanças climáticas para trazer insights cada vez mais potentes aos conselhos de administração das empresas brasileiras”, comentou Valeria.

Atualmente, o Chapter Zero Brazil comemora seu primeiro aniversário com cerca de 10 painéis on-line, já realizados, especificamente, sobre as questões climáticas. Em um deles, o IBGC contou com a presença de Jonathan Pershing, assessor especial de mudanças climáticas do Governo Americano e com Nigel Topping (UK's High-Level Climate Action Champion), um dos responsáveis pela organização da COP 26.

Também foi criado o Fórum Exclusivo Chapter Zero, que conta com um conselheiro e um executivo de cerca de 17 empresas listadas. Esse grupo se reúne trimestralmente para troca de melhores práticas e busca de soluções relacionadas a mudanças climáticas. Neste ano, o fórum vai trabalhar os 8 princípios de Governança Climática do Fórum Econômico Mundial que buscam fornecer orientações úteis aos conselhos, reconhecendo que a governança em clima, uma vez incluída na agenda estratégica e de negócios das empresas, é fundamental para a boa governança corporativa.

Para Franklin Feder, líder do Comitê Consultivo do Chapter Zero Brazil, todas as empresas precisam se voltar para a questão das mudanças climáticas com urgência. “Mas lembrando que este não é um desafio de curto prazo, pelo contrário. Embora já tenha havido uma maior sensibilização dos conselheiros, o Chapter Zero trabalhará não só para aumentar o nível de consciência, mas também o domínio sobre ações para enfrentar os desafios”, diz Feder.

De acordo com o Global Risks Report 2022 – publicado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial, entre os dez principais riscos mundiais, os três primeiros se relacionam às questões do clima, são eles: falhas no enfrentamento das mudanças climáticas; eventos climáticos extremos e perda de biodiversidade.

Com o aumento das disparidades dentro e entre os países, ocasionado sobretudo pela pandemia de Covid-19, há o risco de paralisar as ações conjuntas contra esses riscos. “Todos os relatórios mais recentes falam sobre o agravamento da questão climática e dos riscos ao meio-ambiente e nenhum deixa de mencionar a importância da cooperação. Já foi comprovado que com iniciativas isoladas, sem parceria, será muito mais difícil”, comenta Feder.

Para Valeria ainda falta conhecimento sobre como as empresas podem realizar essas mudanças. Para ela, uma forma de encaminhar projetos para mitigar os riscos climáticos e reduzir o impacto negativo das empresas junto à sociedade pode acontecer por meio da análise gerencial dos relatórios anuais.

"Esses relatórios realizam, junto aos stakeholders, uma pesquisa de sua materialidade, definindo e quantificando seus capitais e apresentando como agregam valor aos acionistas, clientes, funcionários, parceiros de negócios, meio ambiente e sociedade em geral. Realmente mudar o modelo de negócios de uma empresa para uma economia de baixo carbono, por exemplo, exige um esforço de todas as lideranças da organização. Esses objetivos devem estar atrelados a metas claras e remuneração variável".

O Chapter Zero Brazil prevê sua contribuição às empresas por meio de levantamento de dados e monitoramento das iniciativas das empresas brasileiras, seja no engajamento e treinamento de administradores e executivos ou mesmo no acompanhamento de regulações e endereçamento de propostas positivas relacionadas ao tema.

Para saber mais sobre a iniciativa, acesse aqui.