3 visões sobre a COP-26 e as expectativas em relação ao Brasil

Veja o que dizem especialistas nacionais e internacionais sobre a conferência da ONU que terá início no próximo dia 31

  • 29/10/2021
  • Gabriele Alves
  • Você sabia?

Líderes mundiais estão prontos para embarcar rumo à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, em Glasgow, na Escócia. Com início em 31 de outubro, a conferência tem quatro metas principais: assegurar net-zero até meados do século e manter a temperatura do planeta em 1,5 grau; adaptar a infraestrutura das localidades de modo a proteger comunidades e habitats naturais; mobilizar recursos financeiros e ver os países trabalhando em conjunto rumo as entregas.

Atento aos temas que a Cop-26 pretende debater, o Blog IBGC ouviu ao longo dos últimos meses, uma série de especialistas em riscos climáticos, do cenário nacional e internacional, que falaram sobre como as empresas podem liderar suas agendas climáticas, considerando a transição energética, os efeitos devastadores já anunciados, inclusive, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e o papel dos conselheiros na articulação desta agenda no Brasil. Confira a seguir 3 visões sobre a Cop-26 e as expectativas em relação ao Brasil compartilhadas por Nigel Topping, UK's High-Level Climate Action Champion – COP26, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e Lina Pimentel, co-coordenadora do Chapter Zero Brazil, a partir de entrevistas concedidas para o Blog IBGC:

1. Nigel Topping, UK's High-Level Climate Action Champion – COP26
“O Brasil precisa se reposicionar na agenda climática global. O país tem um grande potencial para liderar esta agenda em muitos setores, tais como produção de alimentos e agricultura, energia, transportes, varejo. Há necessidade de ambição e ação, com transparência e colaboração entre atores não estatais, incluindo autoridades regionais, seguindo o exemplo mais recente de liderança do Governo de Minas Gerais, primeira região da América Latina a juntar-se à Race to Zero em junho deste ano. As soluções baseadas na preservação da natureza desempenham um papel crítico no Brasil, é isso que ele vai precisar explorar. É importante inverter a perda de biodiversidade e deter imediatamente a deflorestação ilegal - uma vez que esta é a principal fonte de emissões. E, finalmente, espera-se que o Brasil apresente uma estratégia nacional clara para a implementação da NDC (na sigla em inglês, Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil perante o Acordo de Paris) que seja orientada para o mercado e inclua mecanismos de apoio à implementação, tais como um mercado nacional de compensação de carbono. Ao exigir das empresas a divulgação dos seus riscos climáticos e a promoção de decisões ambiciosas na estratégia climática a longo prazo, os conselhos de administração desempenham um papel crucial na gestão a longo prazo do desempenho das empresas. Este papel vai assegurar que as suas empresas estejam preparadas e aptas a enfrentar os riscos das alterações climáticas - e a tirar partido das oportunidades criadas”.

Confira a entrevista completa de Nigel Topping ao Blog IBGC aqui

2. Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
“A expectativa é que o setor empresarial brasileiro responsável tenha a sua voz mais alta do que o ruído que acontece em torno do desmatamento e de outras questões ambientais brasileiras. Esperamos que seja ouvido o lado sério, o lado comprometido com a sustentabilidade. As empresas têm se reconhecido não só como responsáveis pelos problemas, mas principalmente, como parte da solução, influenciando seus stakeholders nesta transição e até mesmo seus setores econômicos. O Brasil possui um potencial incomparável com o resto do mundo para as soluções baseadas na natureza, com a maior biodiversidade e a maior floresta do planeta. A Amazônia oferece duas grandes soluções: ser o principal fornecedor de créditos dentro de um mercado global de créditos de carbono e ser a maior fonte de inspiração e implementação para SBN do mundo. O caminho para uma economia com base na natureza pode trazer oportunidades anuais de negócios no valor de US$10 trilhões que poderiam criar 395 milhões de empregos até 2030, segundo o New Nature Economy Report II, de julho de 2020”.

Confira a entrevista completa de Marina Grossi ao Blog IBGC aqui

3. Lina Pimentel, co-coordenadora do Chapter Zero Brazil
“Todas as empresas estão entendendo que elas precisam, no mínimo, se comprometer com a neutralização até 2050. Essa já era uma tônica das grandes empresas e de organizações que querem estar competindo com um mercado ESG. Com o relatório (IPCC), passou a ser questionado se o compromisso com metas para o ano de 2050 será efetivo ou se não seria necessário antecipar para 2040. Já se esperava também que houvesse metas bem mais agressivas até 2030, ainda que a neutralização net-zero vá até 2050. Isso ficou mais evidente, porque as empresas estão entendendo que em 2030 é necessário ter uma sinalização bem poderosa sobre como vão fazer a transição energética, já que é muito necessário avaliar como elas usam energia. O Brasil ainda tem o benefício de contar com uma matriz energética renovável, mas ainda há uma matriz energética mista, com termoelétricas, por exemplo. Então, estão todos olhando para transporte, energia e desmatamento, muito atentas a como atender o controle de emissões. A preocupação agora para a COP 26 é como dar concretude a esses compromissos que todo mundo, genericamente, está aceitando. Além de se manter atento às ações judiciais e constrições de parceiros comerciais e investidores em relação a greenwashing”.

Confira a entrevista completa de Lina Pimental ao Blog IBGC, clicando aqui

O Chapter Zero Brazil tem o compromisso de promover conteúdos e eventos para informar, trocar ideias e compartilhar experiências sobre ações que minimizem as mudanças climáticas, em prol do planeta. O objetivo é sensibilizar e capacitar as lideranças empresariais para realizarem efetivas mudanças. Saiba mais aqui.

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